Prestação da casa própria pode subir 38% com mudança no FGTS
Atualizado às 17h45
BRASÍLIA
- A Caixa Econômica Federal (CEF) calcula que, se o projeto que prevê
dobrar a remuneração do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) for
aprovado, os interessados em financiar a casa própria terão que pagar
uma prestação até 38% maior nos empréstimos.
De acordo com dados
do banco estatal, responsável pela administração do fundo, a parcela de
um financiamento de R$ 75 mil subirá de R$ 527 para R$ 726, aumento de
quase 38%. Se o financiamento for de R$ 97 mil - o mais utilizado -, a
prestação subira de R$ 762 para R$ 1.019, 34% de aumento.
Se a
opção for pela manutenção do valor da prestação, o valor médio do
financiamento deverá cair. Na primeira simulação de R$ 75 mil para R$ 55
mil. Na segunda, de R$ 97 mil para R$ 73 mil. Os dados foram
apresentados por Sérgio Gomes, superintendente nacional do FGTS.
Ele
participou de uma audiência pública na Comissão de Desenvolvimento
Urbano da Câmara dos Deputados sobre o projeto de lei que aumenta de 3%
para 6,17% mais Taxa Referencial (TR) ao ano a remuneração das contas do
FGTS. O projeto é apadrinhado pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha
(PMDB-RJ), que hoje resolveu adiar a votação da medida para agosto,
depois do apelo da indústria da construção civil e da própria presidente
Dilma Rousseff.
O governo teme a aprovação do projeto pelo
Congresso porque obrigaria a aumentar os juros dos financiamentos
concedidos com recursos do FGTS nas áreas de habitação, saneamento e
infraestrutura. A presidente disse ontem que o aumento da remuneração
chegaria a comprometer a terceira etapa do programa Minha Casa Minha
Vida, que ainda não saiu do papel.
Na audiência pública,
representantes dos ministérios das Cidades e do Trabalho, além da Caixa,
pintaram um cenário catastrófico caso o projeto seja aprovado. "Sob a
ótica do direito individual, se inviabilizar a habitação de interesse
social, o maior prejudicado será o trabalhador que ganha até 4 salários
mínimos, que é a maior parte dos cotistas do FGTS", disse a secretaria
nacional de habitação, Inês Magalhães.
O representante da Caixa
chegou a dizer que haverá uma insegurança jurídica porque os
trabalhadores devem entrar na Justiça para garantir a remuneração maior
dos anos anteriores. De acordo com o projeto, a rentabilidade de 6,17%
ao ano mais TR (igual da poupança) começaria a valer a partir de janeiro
de 2016.
"Vai criar um novo FGTS. O compromisso de remunerar a 6%
obrigará o conselho curador, é obrigação por lei, a majorar as
aplicações para arcar com esse novo compromisso. Haverá um aumento da
taxa de juros. Isso é fato", disse o secretário executivo do conselho
curador do FGTS, Quênio Cerqueira de França.
O presidente da
Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), José Carlos
Martins, defendeu na audiência a proposta do setor, antecipada pelo
Estado, de dividir parte do lucro do FGTS - no ano passado foi de R$
18,8 bilhões - entre os trabalhadores cotistas do fundo. "É possível
atender o obejetivo de melhorar a remuneração do trabalhador sem mudar
as regras de financiamentos", afirmou.
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