Na badalada festa em que a
ministra da Agricultura Kátia Abreu comemorou seus 54 anos, nesta
terça-feira em Brasília, dois assuntos dominaram as rodas de conversas
entre os convidados: as dificuldades cada vez maiores do ex-presidente
Lula e do ex-ministro José Dirceu se explicarem no emaranhado de
denúncias, e a falta de “DNA” político da presidente Dilma Rousseff para
conseguir aprovar as reformas e medidas anunciadas essa semana no
Congresso. Entre os presentes ministros do governo, do Supremo Tribunal
Federal, do Tribunal de Contas e senadores da base e oposição .
As
maiores críticas partiram do ministro Gilmar Mendes , ao comentar o
depoimento em que José Dirceu discorreu sobre valores e favores
recebidos de empreiteiras e empresas envolvidas nas investigações da
Operação Lava-jato. Segundo os presentes, Gilmar se disse impressionado
com a naturalidade e a forma banal com que Dirceu falava de milhões como
se fossem alguns reais, de forma “arrogante” pelo fato de , como
ministro da Casa Civil, ter ascendência sobre autoridades e partidos.
Na
conversa, o advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, que
defende vários políticos citados ou já investigados pela Lava-Jato,
concordou que tanto Lula quanto Dirceu enfrentam grandes dificuldades
para se defender.
— Os
comentários de todos eram sobre as dificuldades que Lula está tendo para
prestar esclarecimentos. A imagem de Zé Dirceu prestando depoimento na
GloboNews , contristado, deu pena, foi uma auto-condenação. As pessoas
estavam comentando até com uma certa compaixão — disse o ministro Gilmar
Mendes ao GLOBO.
Ele era o
centro de uma roda que se formou no final da festa com o presidente do
Senado, Renan Calheiros; o ministro do TCU, Vital do Rego; a ministra
Kátia Abreu e os senadores Eunício Oliveira (PMDB), Romero Jucá (PMDB),
Tasso Jereissatti (PSDB), Ronaldo Caiado (Democratas) e Kakay . A
anfitriã chegou a contratar uma banda de karaokê para cantar em dupla
com Kakay, mas as conversas estavam tão animadas que a cantoria nem
aconteceu.
Com Kátia em pé,
acompanhando as conversas na roda, uma outra discussão se formou, desta
vez sobre as dificuldades da presidente Dilma em aprovar no Congresso as
reformas e CPMF. Na roda, alguns achavam que o movimento
pró-impeachment tinha arrefecido, outros não.
—
Dilma não vai conseguir aprovar nada, nem reformas da Previdência, nem
CPMF. E vai continuar com essas estorinhas dela engabelando todo mundo —
disse Caiado.
— Se passar a
reforma da Previdência, até tem uma chance de aprovar a CPMF. Mas só
passa se passar as reformas — avaliou Romero Jucá, que informou aos
presentes que voltara a falar com a presidente Dilma e agora quer ajudar
o Governo.
Segundo Kátia
Abreu, Renan ficou de árbitro entre os senadores da oposição e da base,
durante a discussão sobre Dilma. Kakay ficou defendendo as necessidades
de aprovar as medidas e o Caiado e os outros senadores da oposição
dizendo que não tinha ambiente. E Kátia falou sobre sua relação com a
presidente Dilma no governo.
—
Eu não escondo que sou de direita mesmo, que respeito os pontos de
vista da presidente, mas comando o ministério da Agricultura de acordo
com as minhas ideias, nunca mudei. E ela também respeita isso _ disse
Kátia na conversa.
Logo no
início da festa Kakay provocou a ministra, sobre porque não tinha
convidado o senador José Serra (PSDB-SP), com quem teve um entrevero no
jantar natalino do Senado, no final do ano passado.
— Você está calma hoje? O Serra não vem não? — brincou Kakay.
—
Se eu soubesse que o vinho do Eunício era tão caro, eu não teria jogado
no Serra — respondeu a ministra, sobre o vinho italiano da região da
Toscana, Tiagnello, que custa cerca de R$600,00 a garrafa.
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