O ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, atingido pela maior crise desde que deixou a
Presidência, está sendo aconselhado por aliados e integrantes do governo
Dilma Rousseff a adotar oficialmente a tese de que "recebeu de
presente" a reforma feita no sítio que frequenta em Atibaia (SP),
informou a Folha de São Paulo.
Contudo, essa linha de defesa ainda
divide opiniões dentro do próprio PT e no entorno dele. Primeiro, há o
temor de que as bases do partido não recebam bem esse discurso, que foge
à tese de que a cúpula petista age em favor da legenda, não em
benefício próprio.
O segundo empecilho está no fato de a Odebrecht
já ter avisado que não assumirá publicamente que custeou a reforma. A
decisão foi tomada internamente pela empreiteira e comunicada a pessoas
próximas a Lula.
De acordo com a reportagem da Folha, testemunhas e
depoimentos colhidos pelo Ministério Público, revelaram que uma espécie
de consórcio informal de empresas (Odebrecht, OAS e Usina São Fernando)
dirigidas por amigos do ex-presidente bancou as obras.
A ex-dona
de uma loja de material de construção em Atibaia disse que a Odebrecht
bancou R$ 500 mil em produtos para a obra. Um engenheiro da construtora
admitiu ter participado da reforma, em "caráter informal".
O
Instituto Lula diz que o ex-presidente frequenta o local, de propriedade
de amigos da família, em dias de descanso. Um dos interlocutores do
petista ouvido pela reportagem resumiu o estado de ânimo dos personagens
envolvidos na aquisição e reforma do sítio: todos estão "em pânico" com
o caso.
Ainda assim, pessoas próximas a Lula já começaram a
testar a teoria. De acordo com a “Folha de São Paulo” desta quinta-feira
(4), o ex-ministro Gilberto Carvalho, bastante próximo a ele, disse que
seria "a coisa mais normal do mundo" se a Odebrecht tivesse bancado a
reforma do sítio.
Nos bastidores, desde que o caso ganhou atenção,
petistas de primeiro escalão têm citado que, entre ex-presidentes dos
EUA, por exemplo, é comum o recebimento de presentes após o mandato.
Ainda
segundo a “Folha”, no caso de Lula, a reforma começou no fim de 2010,
quando ele ainda ocupava o Planalto. Para rebater esse ponto, Carvalho
disse que a primeira vez que Lula esteve na chácara foi em 2011.
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