O Telescópio Espacial James Webb será um grande avanço para a astronomia
quando estiver pronto em 2018. Mas os astrônomos já estão pensando
sobre a próxima grande missão: um telescópio orbital de 12 m que vai
procurar provas de vida fora da Terra.
Representantes
da AURA (Associação de Universidades para Pesquisa em Astronomia)
querem um observatório espacial que vai procurar respostas para duas
questões profundas. Um: se estamos ou não sozinhos no universo. Dois:
como os blocos de construção do nosso universo evoluíram ao longo do
tempo.
Esta missão futura,
que só será lançada nos anos 2030, tem um objetivo incrivelmente
ambicioso. Ela requer uma nave espacial mais avançada do que qualquer
coisa que os seres humanos já construíram: um telescópio com dez vezes o
poder de visão do Hubble.
Na reunião da Sociedade Astronômica Americana, um astrônomo disse: "estamos falando de um Hubble HD".
"O caminho para
Modelo em escala do Telescópio Espacial James Webb. Ele é enorme! (Imagem por Northrop Grumman)
Mas precisamos exatamente de algo maior para capturar a luz fraca emitida a partir de mundos distantes. Nós já detectamos milhares de exoplanetas utilizando fotometria de trânsito, mas fotografamos diretamente apenas um punhado.
E todos os planetas que "vimos" são bolas de gás em erupção, mundos
maiores do que Júpiter e que quase certamente não são habitáveis.
"Com a tecnologia moderna, nós
não temos a capacidade de obter imagens de um análogo ao sistema solar",
disse Batalha. "É nessa direção que queremos seguir."
Para
vislumbrar planetas pequenos e rochosos na zona habitável de estrelas
brilhantes do tipo G (como o nosso Sol), e vasculhar as atmosferas por
sinais de vida, precisamos de um telescópio com uma abertura enorme.
Esse telescópio precisa suprimir a luz das estrelas por um fator de dez bilhões. E ele tem que estar no espaço, além da neblina que obscurece nossa atmosfera.
Mas
o sucessor do JWST não estará apenas procurando vida. Ele também vai
nos ajudar a aprender como os blocos de construção da matéria evoluíram
ao longo do tempo cósmico - em certo sentido, sondando uma questão ainda
mais fundamental sobre a origem da vida.
"Se
queremos ir a partir do Big Bang para bioassinaturas, você precisa
entender a evolução dos átomos no universo", disse John O'Meara, da
Saint Michael's College (EUA), astrofísico que estuda a formação de
galáxias.
O'Meara tem
objetivos diferentes para o sucessor do JWST. Ele quer compreender a
formação e movimento de elementos em grandes escalas. "Como e onde o
ciclo de vida de átomos evolui?", disse O'Meara. "Como é que chegamos ao
oxigênio que você está respirando? Para responder a essas perguntas,
precisamos dos últimos dez bilhões de anos de interações em gases e
galáxias."
Realizar essas
duas metas científicas - a evolução da matéria e a evolução da vida -
vai exigir um conjunto de instrumentos que fazem medições em
diversos comprimentos de onda, incluindo visível, ultravioleta e
infravermelho próximo.
Após
combinar esses instrumentos de alta precisão com um espelho primário de
12 m, espelhos secundários, antenas de comunicação, propulsão, mais uma
proteção contra a luz, teríamos uma das peças mais avançadas de
tecnologia humana.
Felizmente,
nós seremos capazes de aplicar todo o conhecimento que adquirimos
planejando e construindo outros telescópios espaciais ao longo dos
últimos cinquenta anos.
"Todo
mundo deve sonhar grande", disse Marc Postman, do Space Telescope
Science Institute. "Mas também devemos sonhar de forma inteligente.
Queremos aproveitar o que aprendemos do Hubble, e o que aprendemos desde
a concepção do JWST, o que aprendemos de estudar outras missões que não
vieram a se concretizar."
Por
exemplo, um grande desafio que os engenheiros do JWST enfrentaram foi
como enviar um espelho com 6,5 metros de largura para o espaço. A
solução? Um grupo de espelhos menores que se desdobram em órbita, como um origami espacial banhado a ouro.
"O
James Webb nos ensinou muito sobre como construir um telescópio grande e
segmentado no espaço", disse Postman. "Um telescópio de 8 ou 12 m terá
que ser segmentado também."
Há
ainda muitos desafios técnicos para se resolver, mas é por isso que nós
estamos começando a pensar sobre o sucessor de JWST agora. Pode parecer
que 2030 é um futuro distante, mas para os astrônomos, isso é um piscar
de olhos cósmico.
"Uma
história está se desdobrando", disse Batalha. "É uma história que leva
um longo tempo - estes esforços realmente grandes da humanidade exigem
muito tempo para planejar e executar. Estamos prestes de finalmente
encontrar provas de vida fora da Terra", acrescentou. "Nós temos a
capacidade de fazer isso, e nós sabemos como. Mas é um esforço de muitas
décadas e gerações."
Imagem:
conceito do Kepler-186F, um exoplaneta rochoso do tamanho da Terra,
possivelmente na zona habitável de sua estrela (NASA/SETI/JPL)
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