O empresário Fernando Moura, ligado ao PT, afirmou ao juiz federal
Sérgio Moro – da Operação Lava Jato – que a presidente Dilma Rousseff
participou da reunião no início do governo Lula, em 2003, em que foi
definida as indicações políticas de diretores de estatais que ficariam
responsáveis pela arrecadação de valores para o partido.
“Foi
feito uma reunião ao lado da sala do ministro da Casa Civil entre o José
Eduardo Dutra (morto em 2015), que foi indicado presidente da
Petrobrás, o Luis Gushiken, que era da Secretaria de Comunicação, o
Delúbio Soares (ex-tesoureiro do PT), a Dilma Rousseff, que era ministra
de Minas e Energia, o Sílvio Pereira (ex-secretário-geral do PT) e
foram analisados todos os nomes que seriam indicados para cargos de
diretoria”, afirmou Moura.
O encontro era para “definição de mais
ou menos cinco diretorias de estatais para poder ajudar a nível de
campanha posteriormente”. “Foi conversado sobre Petrobrás, sobre
Correios, Caixa Econômica Federal, Furnas e Banco do Brasil. Isso em
novembro de 2002.
O lobista, que é delator da Lava Jato, relatou
que houve um impasse na indicação de Duque. “Existia uma indicação do
Edimir Varela, que era o antigo diretor, e o Renato Duque. Quando foi
questionado quem estava indicando Varela, o Delúbio não podia falar que
era ele e disse que foi indicação do Aécio Neves.” Duque está preso
desde março de 2015, em Curitiba, acusado de ser um braço do PT indicado
pelo ex-ministro da Casa Civil no esquema de corrupção da Petrobrás.
Segundo
o delator, foi então que Dirceu atuou como árbitro decidindo pela
nomeação de Duque. “Chamara então o ministro José Dirceu para decidir
quais dos dois seria. Na reunião ele disse ‘Aécio já foi contemplado com
Furnas, fica o Renato Duque”, segundo Moura. Ele diz que foi Sílvio
Pereira quem lhe detalhou a reunião.
Reinterrogado
Em
depoimento à força-tarefa da Lava Jato, em que admitiu ter mentido em
seu primeiro interrogatório feito ao juiz Sérgio Moro, Moura afirmou que
Dilma indicou Rodolfo Landim para a Diretoria de Exploração &
Produção, antes da definição de que ele assumisse no início do governo
Lula a presidência da BR Distribuidora.
A mudança de posto do
indicado ocorreu por conta da decisão de Dirceu. “No computador do PT
foi colocado o Renato (Duque) como indicado para a Diretora de
Exploração e Produção, não tinha sido para a Diretoria de Serviços”,
afirmou o delator, em depoimento no dia 28 aos procuradores da
força-tarefa da Lava Jato.
“(Duque) só se transformou em Diretoria
de Serviços, porque quando foi feita a indicação dos diretores, tinham
duas pessoas disputando a Diretoria de Exploração e Produção, um o
Rodolfo Landim, que era indicado pela Dilma, que era ministra de Minas e
Energia, e outro era o Guilherme Estrela, que era indicado pelo
sindicato com petroleiros, e quem tava indicando era o José Eduardo
Dutra”, contou Moura.
Segundo o delator, acabaram optando pela
indicação do Estrela para Exploração e Produção “e foi transportado o
Rodolfo Landim para a presidente da BR”. “E o Duque foi acomodado na
Diretoria de Serviços.”
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