quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Economia do Brasil sucumbiria 7% com recessão global, estima Moody’s Analytics



Notícia Publicada em 03/02/2016 18:20

Enfraquecido pelo lado fiscal e sem a ajuda das commodities, país não teria poder de fogo para enfrentar um novo solavanco mundial

“Sob essas condições, a economia poderia sofrer contrações de ao menos 7% em 2016 e 3% em 2017”, projeta o economista (Thomás/flickr)
“Sob essas condições, a economia poderia sofrer contrações de ao menos 7% em 2016 e 3% em 2017”, projeta o economista (Thomás/flickr)
SÃO PAULO – Um novo solavanco da economia mundial poderia levar o Brasil a uma queda de 7% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2016, estima a Moody’s Analytics em uma análise enviada a clientes nesta quarta-feira (3). O economista para América Latina da empresa, Alfredo Coutiño, chegou nesta conclusão ao aplicar para a região os dados de uma simulação produzida pelo Banco Central norte-americano para testar a saúde das instituições financeiras dos Estados Unidos em um cenário de choque econômico e financeiro global.
Este cenário é caracterizado por uma recessão global, acompanhado por um período de severo estresse financeiro. A economia dos EUA contrai 6,2% do pico no quarto trimestre de 2015 ao primeiro trimestre de 2017; o desemprego aumenta significativamente; a inflação continua baixa; as taxas de juros caem novamente para o território negativo. O Japão e a Europa entram em uma recessão severa, e a Ásia em desenvolvimento entra em uma recessão moderada.
“A América Latina não escapa aos efeitos negativos produzidos pela aversão global, principalmente a partir do choque produzido pela economia norte-americana. Usando os nossos modelos econométricos trimestrais, simulamos o comportamento da região sob essas condições adversas. A região seria afetada por três canais: comércio, fluxo de capital e exposição financeira, além da instabilidade do mercado”, diz Coutiño. Segundo a Moody’s, os países mais afetados sob o cenário seriam a Venezuela, Brasil, seguido por México e Argentina. Os menos afetados: Chile, Colômbia, Uruguai e Peru.

Brasil

Para Coutiño, o Brasil seria um dos países mais afetados e a recessão global iria agravar a "condição anêmica" da economia, com a moeda despencando e impulsionando a inflação. Com isso, o Banco Central seria forçado a apertar mais agressivamente os juros. A política fiscal ficaria sem alternativas para fortalecer o ajuste com o objetivo de evitar a explosão do desarranjo fiscal. 
“Sob essas condições, a economia poderia sofrer contrações de ao menos 7% em 2016 e 3% em 2017”, projeta o economista. A economia começaria a se estabilizar no final de 2017, calcula Coutiño. “Entretanto, para sustentar o crescimento, o país precisará acelerar a acumulação de capital por meio do aumento do investimento fixo. Isso pode ser possível com uma profunda agenda de reformas”, conclui.

Nenhum comentário:

Postar um comentário