Quando o líder comete um erro deve ou não pedir perdão?
Escrito por Maria Cristina Ortiz de Camargo, especialista em comportamento
Escrito por Maria Cristina Ortiz de Camargo, especialista em comportamento
“Mea
culpa, mea culpa”. Quando cometemos algum tipo de erro, diz a boa
educação e os bons princípios, que devemos pedir perdão. Por outro lado,
é o que as pessoas esperam ao enfrentar uma dessas delicadas situações.
Esse ato, costumadamente, evita grandes desavenças e traz de volta o
entendimento nas relações interpessoais.
No
mundo organizacional, entretanto, esse código de boa conduta nem sempre
é percebido de uma maneira tão simples. A cultura em que uma
organização está inserida influencia de maneira determinante a maneira
como líderes respondem à necessidade de pedir perdão a sua equipe, a seus superiores e também publicamente.
A
sugestão de vários estudiosos sobre esse fato é de usar ao máximo o bom
senso e o discernimento sobre o que e como se desculpar, pois esse ato
pode ser visto como um sinal de fortaleza por algumas pessoas e
organizações, como também pode significar um sinal de fraqueza para
outras.
Credibilidade é algo
difícil de conquistar e fácil de perder. Equipes almejam que seus
líderes as orientem e guiem rumo aos caminhos de sucesso, portanto,
podem não ser muito benevolentes quando um erro de estratégia da
liderança os fazem perder resultados importantes, e, consequentemente,
são penalizadas por isso.
A
dificuldade ou a facilidade em pedir perdão no âmbito individual, também
esta ligada ao tipo de personalidade do líder. Líderes autocráticos são
menos flexíveis e abertos a esse tipo de comportamento, pois gostam de
ser “endeusados” por seus liderados, a quem não é permitido julgá-los.
Líderes democráticos e humanistas, por outro lado, entendem que a
humildade em reconhecer possíveis erros os aproxima da equipe
tornando-os mais humanos, e passíveis de enganos diante do complexo
desafio que é liderar pessoas.
Líderes
modernos e considerados conscientes são aqueles que oferecem “causas”.
Eles são altamente motivadores, pois agem de acordo com seus valores,
agregando pessoas talentosas ao seu redor. Entendem que o erro faz parte
do risco de sair da zona de conforto para inovar e ousar fazer
diferente. Percebem a importância de transformar erros em aprendizados
importantes para suas equipes, não se importando em se desculpar pelos
inconvenientes causados por essas ações arriscadas. A transparência e o
lidar com a ambiguidade fazem parte de suas competências de liderança,
assim como enfrentar a sua própria vulnerabilidade.
Quando
liderados reconhecem em seus líderes a intenção de acertar, perdoá-los
acaba se tornando também um ato de humildade, pois certamente eles
também erram.
Maria Cristina Ortiz de Camargo é especialista na área comportamental e docente da BSP – Business School São Paulo.
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