Novo delator envolve empresa de Eike em esquema de propinas na Petrobrás
Por Mateus Coutinho e Ricardo Brandt, enviado especial a Curitiba
O
ex-gerente-geral da área Internacional da Petrobrás e novo delator da
Lava Jato, Eduardo Vaz Costa Musa, afirmou à Força-Tarefa que a empresa
OSX, braço do grupo EBX, de Eike Batista, que atua no setor naval,
participou do esquema de pagamentos de propinas na Petrobrás para
disputar licitações na diretoria Internacional da estatal petrolífera. O
delator, contudo, disse não ter conhecimento se Eike sabia do esquema.
Segundo
Musa, em 2012, quando já havia deixado a estatal e trabalhava como
diretor de construção naval da OSX, a licitação para as contratações de
dois navios-plataforma, P-67 e P-70 foram fraudadas pelo consórcio
Integra, formado pela Mendes Jr e pela OSX. O consórcio acabou vencendo a
licitação de mais de US$ 900 milhões na época.Os pagamentos teriam sido
feitos a João Augusto Henriques, apontado como lobista do PMDB no
esquema de corrupção na estatal, em troca de informações privilegiadas
sobre a licitação e foram negociados em reuniões entre representantes
das duas empresas do consórcio. De acordo com o delator, o CEO da OSX
Luiz Eduardo Carneiro chegou a participar de um dos encontros e tinha
conhecimento do esquema. O delator também afirmou que Luiz Eduardo
Carneiro mantinha contato com Eike, mas disse aos investigadores que não
poderia confirmar se o dono do grupo EBX tinha conhecimento do esquema
na Petrobrás.
Em um destes encontros,
relata, o diretor de Desenvolvimento de Negócios da Mendes Jr, Luiz
Cláudio Machado Ribeiro "trouxe a informação que o consórcio teria que
pagar propina para o lobista João Augusto Henrique que, em troca,
forneceria informações privilegiadas de dentro da Petrobrás para
orientar a formação da proposta técnica", disse aos investigadores da
Lava Jato.
De acordo com Eduardo Musa, o
valor acertado no encontro foi de R$ 5 milhões. O delator não soube
explicar como foram feitos os pagamentos, mas admitiu que João
Henriques tinha relação com o PMDB e influenciava na Diretoria
Internacional, tendo atuado para indicar o ex-diretor Jorge Luiz Zelada,
que ficou no cargo de 2008 a 2012, e outros executivos da
área.Outro encontro entre os representantes da empresa que sabiam do
esquema teria ocorrido na sede da OSX, no Rio de Janeiro, e, segundo o
delator, as informações privilegiadas "eram trazidas por Luiz Cláudio
(da Mendes Jr), de forma verbal e consistiram em saber: 1) Quem eram os
concorrentes mais importantes, que eram Jurong Kepel Fells, Engevix e
outro consórcio que o declarante não se lembra o nome; 2) informação
sobre estimativa de preços que deveria ser apresentada pelo consórcio;
3) viabilidade do canteiro de obras (tinha que ser um lugar que a
Petrobrás aprovasse); 4) estratégia da comissão de licitação, que
consistia saber o que eles iriam pedir, como por exemplo as informações
complementares que seriam solicitadas pela comissão, possíveis
alterações no cronograma, dentre outras coisas".
Ainda
segundo Musa, o executivo da Mendes Jr se encontrou pessoalmente com
João Henriques durante "todo o ano de 2012" para obter as informações
privilegiadas. Eduardo Musa disse ainda que depois de deixar a OSX, em
maio de 2012, foi informado por Luiz Cláudio que "João
Augusto Henriques estaria insatisfeito com o não recebimento de propinas
e que ele estaria fazendo cobranças". O delator, contudo, não soube
dizer quanto efetivamente foi pago de propina ao lobista do PMDB.
A
reportagem entrou em contato com a defesa de Eike Batisa, mas o
advogado estava em um compromisso forense e não pode retornar os
contatos até o fechamento deste texto.A OSX e ainda não retornou os
contatos da reportagem.
COM A PALAVRA, A MENDES JR:
"A empresa não se pronuncia sobre inquéritos e processos em andamento".
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