O ex-gerente-geral da área Internacional da Petrobrás
e novo delator da Lava Jato, Eduardo Vaz Costa Musa, afirmou à Força
Tarefa da operação ter ouvido que "quem dava a palavra final" em relação
às indicações para a Diretoria Internacional da Petrobrás era o
presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Segundo
o delator, foi o próprio João Augusto Henriques, apontado como lobista
do PMDB no esquema e preso nesta segunda-feira, 21, na 19ª fase da Lava
Jato, que lhe revelou como eram as indicações políticas na Diretoria.
"Que João Augusto Henriques disse ao declarante que conseguiu emplacar
Jorge Luiz Zelada para diretor internacional da Petrobrás com o apoio do
PMDB de Minas Gerais, mas quem dava a palavra final era o deputado
federal Eduardo Cunha, do PMDB-RJ", relatou.
Com isso, já
são dois delatores da operação relacionando o presidente da Câmara à
Diretoria Internacional da Petrobrás, apontada como ‘cota’ do PMDB no
esquema de loteamento político e pagamento de propinas para abastecer o
caixa de partidos. O executivo e outro delator da Lava Jato, Júlio
Camargo, revelou ter sofrido pressão do parlamentar para pagar a ele
propina de US$ 5 milhões referentes a dois contratos de navio-sonda da
Petrobrás com uma empresa representada por Camargo. O caso deu
origem uma denúncia da Procuradoria-Geral da República contra o
parlamentar por corrupção e lavagem de dinheiro perante o Supremo
Tribunal Federal.
Zelada substituiu Nestor Cerveró na
Diretoria Internacional da Petrobrás em 2008. Os dois ex-diretores são
réus na Lava Jato e já foram presos pela operação.
Eduardo Musa
atuou na estatal até 2009 e é réu na mesma ação em que Zelada também foi
denunciado. Os dois e João Augusto Henriques são acusados de dividir a
propina US$ 31 milhões da empresa chinesa TMT para beneficiar a
sociedade americana Vantage Drilling ne afretamento do navio-sonda
Titanium Explorer pela Petrobrás.
Em sua delação, o ex-gerente da
estatal afirmou que tomou conhecimento diretamente das propinas na
Petrobrás em 2006 e confirmou que João Augusto Henriques “era um lobista
ligado ao PMDB que mantinha influência na área internacional e de
engenharia da Petrobrás, e possivelmente também na área de Exploração e
Produção.”
Ainda segundo Musa, o lobista mantinha influência não
apenas no diretor da área Internacional, mas em outros executivos da
Diretoria como Sócrates José, assistente de Zelada e até o gerente da
área Internacional para a América Latina, José Carlos Amigo.
Os
novos depoimentos reforçam as suspeitas do investigadores contra o
operador do PMDB no esquema, preso nesta semana pela Lava Jato e cuja
empresa Tren Empreendimentos recebeu pelo menos R$ 20,2 milhões de
empresas do cartel que fatiava obras na Petrobrás, pagando propinas a
agentes públicos, partidos e políticos.
João Henriques é o segundo
lobista do PMDB preso na Lava Jato. Em novembro de 2014, na Juízo
Final, 7º desdobramento da operação, Fernando “Baiano” Soares foi detido
preventivamente. Ele também decidiu colaborar com as investigações.
O
presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) vem negando veementemente
o envolvimento no esquema de corrupção da Petrobrás. A reportagem
tentou contato por telefone com o parlamentar e com seu advogado, mas
nenhum dos dois atendeu.
COM A PALAVRA, O PMDB:
A
assessoria de imprensa do partido vem negando todas as acusações e diz
que a sigla nunca autorizou quem quer que seja a ser intermediário do
partido para arrecadar recursos.
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