A presidente Dilma Rousseff
deve encaminhar hoje aos parlamentares a Proposta de Emenda a
Constituição (PEC) que recria a antiga CPMF, contribuição que incide
sobre a movimentação financeira.
Apesar
das resistências, o texto irá propor um novo tributo com alíquota de
0,20% e duração de quatro anos destinado à Previdência Social, conforme
anunciado pela equipe econômica.
A
negociação de Dilma e dos ministros com o Congresso começará
imediatamente: o governo precisa urgentemente dos R$ 32 bilhões que a
CPMF despejará nos cofres federais ao longo de um ano.
Os dois pontos principais da proposta – a alíquota e a duração – podem mudar no Congresso.
O
imposto pode ser elevado a 0,38%, repetindo a alíquota que vigorou até
dezembro de 2007 quando foi extinta pelos parlamentares.
Governadores
aliados ao Planalto decidiram apoiar a elevação da alíquota para que o
tributo seja dividido com Estados e municípios, mas o governo decidiu
enviar uma proposta própria, deixando as alterações nas mãos dos
parlamentares. Além disso, deputados e senadores podem modificar a
proposta para reduzir o prazo de duração para dois ou três anos, de
forma que a CPMF termine até 2018.
O governo vai iniciar as negociações com as lideranças do Congresso ainda hoje.
A
presidente sabe que o quadro não será fácil, diante do quórum elevado
para aprovação de uma PEC – 308 votos na Câmara e 49 no Senado.
O
presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), chegou a dizer, na
semana passada, ser “impossível” votar o retorno da CPMF ainda neste
ano.
Governadores do PSDB, como o de São Paulo, Geraldo Alckmin,
também avisaram que não apoiam o retorno do tributo, criado em 1997, em
caráter também temporário, para custear a Saúde, no governo Fernando
Henrique Cardoso (PSDB).
A recriação da CPMF faz parte de um
pacote de elevação de impostos e cortes em despesas destinado a cobrir o
déficit de R$ 30,5 bilhões do Orçamento de 2016.
Para cobrir o
rombo, o governo também anunciou o adiamento do reajuste a servidores
públicos e cortes em verbas do Sistema S, mas enfrenta a resistências de
sua base social às medidas.
PIS
Outro
item do pacote tributário que pode sair do Planalto em direção ao
Congresso ainda nesta semana é a reforma do PIS, um tributo que incide
sobre o faturamento das empresas.
Este será o primeiro passo para
a unificação e simplificação do PIS/Cofins, que, juntos, são
considerados os impostos mais complexos do Brasil.
O último passo
para conclusão da medida do PIS era um parecer da Procuradoria-Geral da
Fazenda Nacional, que deve ser concluído hoje.
Com isso, caberá
ao ministro da Fazenda, Joaquim Levy, decidir o momento de enviar a
proposta ao Congresso. A simplificação do PIS deverá ser “neutra” do
ponto de vista fiscal, isto é, sem aumento da carga tributária. O
objetivo é eliminar o efeito “cascata” a partir de 2016.
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