O dólar registrou o
maior avanço em três semanas nesta quarta-feira e encostou em 4,15
reais, apesar da pesada ofensiva do Banco Central, que realizou ao todo
quatro intervenções no mercado de câmbio, mas não conseguiu afastar a
moeda norte-americana das máximas da sessão.
O dólar encerrou
em alta de 2,28 por cento, a 4,1461 reais na venda, novo patamar recorde
de fechamento e na maior alta diária desde 4 de setembro (2,68 por
cento). Na máxima do dia, o dólar chegou a ser cotado a 4,1517 reais.
Esta
foi a quinta sessão consecutiva de alta, com a moeda norte-americana
acumulando avanço de 8,14 por cento no período. No acumulado do ano, a
divisa dos EUA subiu 55,94 por cento.
"Uma atuação como essa
deveria segurar um pouco, mas a volatilidade está muito grande", resumiu
o gerente de câmbio da corretora BGC Liquidez, Francisco Carvalho. "O
mercado está perdido e corre para o dólar".
Nesta sessão, o BC
realizou dois leilões de venda de dólares com compromisso de recompra,
com oferta de até 4 bilhões de dólares no total; um leilão de até 20 mil
novos swaps cambiais, que equivalem a venda futura de dólares; e um
leilão de rolagem dos swaps que vencem em outubro, como vem fazendo
diariamente.
A autoridade monetária anunciou ainda outro leilão de novos swaps para quinta-feira, também com oferta de até 20 mil contratos.
Operadores
avaliaram o movimento como uma queda de braço entre o mercado e o BC,
reforçado pelo fato de que a autoridade monetária vendeu apenas 4,4 mil
contratos no leilão de novos swap.
"O mercado puxa, o BC vem com
leilão. Como ele não vendeu tudo, o mercado testou novamente", explicou o
operador de uma corretora nacional, sob condição de anonimato. "Se
agora ele não vier com vontade, é um convite para o mercado continuar
puxando".
Desde abril, o BC não fazia leilão de swap sem ser para
rolagem. Na operação para rolagem promovida nesta sessão, o BC vendeu a
oferta total de até 9,45 mil contratos. Ao todo, já rolou o equivalente a
7,179 bilhões de dólares, ou cerca de 76 por cento do lote total, que
corresponde a 9,458 bilhões de dólares.
O contrato do dólar para outubro subiu quase 3 por cento, para 4,18 reais.
A
moeda foi pressionada pela notícia de que o ministro da Fazenda,
Joaquim Levy, cancelou viagem a Nova York. Também pesou declaração de
fonte da equipe econômica à Reuters, afirmando que fazer leilões de
dólares no mercado à vista é uma estratégia que não está na mesa neste
momento.
O quadro político e econômico preocupante no Brasil tem
levado a fortes turbulências nos mercados financeiros, sem dar trégua.
Logo cedo, o dólar chegou a recuar quase 1 por cento após a decisão do
Congresso Nacional nesta madrugada de manter os vetos da presidente
Dilma Rousseff e evitar maior pressão nas contas públicas, mas o
movimento durou muito pouco.
"O veto mais importante é o do
aumento (de salários dos servidores do) Judiciário e não sabemos quando
ele vai ser analisado", disse outro operador de uma corretora nacional,
referindo-se ao veto que, se derrubado, vai gerar gastos de 36 bilhões
de reais até 2019, segundo cálculos do governo.
Citando riscos aos
planos fiscais do governo no curto prazo e a grande probabilidade de
novos rebaixamentos da nota de crédito do Brasil, o Credit Suisse passou
a projetar que o dólar deve atingir 4,25 reais em três meses e 4,50
reais em doze meses, contra 3,65 e 4,10 reais, respectivamente.
Também
pela manhã, o mercado azedou após o presidente do Banco Central Europeu
(BCE), Mario Draghi afirmar que os riscos ao cenário de inflação e
economia na Europa aumentaram devido à desaceleração dos mercados
emergentes, o que se somou a dados fracos sobre a economia chinesa.
"(Draghi
demonstrou) preocupação com a perspectiva de crescimento global e a
apreensão com o Brasil continua", resumiu o economista da 4Cast Pedro
Tuesta.
Nenhum comentário:
Postar um comentário