O ex-presidente Luiz Inácio da Lula da Silva (PT-SP)
protocolou nesta terça-feira (6) na Justiça Federal de Brasília uma
resposta preliminar no processo em que é réu na 10ª vara sob acusação do
Ministério Público Federal de obstrução da Operação Lava Jato ao tentar
comprar o silêncio de Nestor Cerveró, ex-diretor da Petrobras que na
época negociava uma delação premiada.
Lula pediu a nulidade da
ação penal e também a declaração de nulidade da delação premiada do
ex-senador Delcídio do Amaral (ex-PT-MS).
Lula é réu na mesma ação
ao lado do pecuarista e seu amigo José Carlos Bumlai, do ex-senador
Delcídio Amaral (ex-PT-MS) e do banqueiro André Esteves, entre outros
acusados.
O ex-presidente indicou 13 pessoas que podem ser ouvidas
como suas testemunhas de defesa, entre as quais o presidente do Senado,
Renan Calheiros (PMDB-AL), um assessor do petista, Paulo Okamotto, e os
deputados federais José Mentor (PT-SP), Wadih Damous (PT-RJ) e Jandira
Fhegali (PCdoB-RJ).
Nessa fase do processo, todos os réus são
citados sobre a existência da ação e devem apresentar suas respostas
prévias num prazo de 20 dias após a notificação. Lula foi notificado
pela Justiça no dia 16 de agosto.
O juiz responsável pelo caso, o
titular da 10ª Vara Federal Vallisney de Souza Oliveira, já marcou para
novembro a data da primeira audiência para instrução do processo, quando
deverão ser ouvidas as primeiras testemunhas. Lula poderá comparecer
pessoalmente -seria a primeira vez em que o ex-presidente se apresenta a
um juiz como réu em processo decorrente da Operação Lava Jato.
Porém,
Lula poderá optar por não aparecer, enviando apenas um advogado. Seria
um ato incomum em casos do gênero, pois é a primeira chance que um réu
tem para mostrar ao juiz seu interesse na causa.
Em tese, o juiz
Vallisney poderá decidir pela absolvição sumária de Lula ou de outros
réus antes da audiência de novembro, o que evitaria a presença do
ex-presidente ou de seus defensores no ato agendado do processo.
Na
resposta preliminar, os advogados de Lula pedem a nulidade da decisão
de recebimento da denúncia pelo Judiciário sob alegação de que há
"evidente prejuízo à defesa". Alegam "deficiência de fundamentação" na
denúncia, pois haveria "apenas menções genéricas", sem "demonstração da
conduta individualizada e teoricamente típica de cada um dos acionados".
Os
advogados do ex-presidente escreveram que a denúncia, oferecida pelo
procurador-geral da República Rodrigo Janot na forma de aditamento, é
"delirante". "A imputação constante do aditamento à denúncia configura
projeção psíquica de hipóteses idiossincráticas verdadeiramente
delirantes, existentes exclusivamente na imaginação punitiva dos agentes
da persecução penal, cujo completo divórcio dos fatos concretos e da
prova já arrecadada será demonstrado na instrução criminal".Os
defensores também pediram que seja considerada "flagrante nulidade" do
acordo de delação premiada do ex-senador Delcídio, sob alegação de que
seus termos apareceram na imprensa. Também mencionam uma entrevista à
revista Piauí em que Delcídio falou sobre ter sofrido pressões quando
esteve preso em uma sala da Polícia Federal -disse que "ficou trancado"
por três horas em uma sala abafada e os policiais não ouviram quando ele
bateu à porta.
A peça é assinada pelos advogados José Roberto
Batochio, ex-presidente nacional da OAB, Juarez Cirino dos Santos,
Roberto Teixeira e outros quatro defensores. Com informações da
Folhapress.
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