Quando se ouve a palavra divertículo pela primeira vez a gente pensa
até em diversão, dificilmente em intestino. Os divertículos, no
entanto, são alterações que surgem na parede do intestino grosso
(cólon), como pequenos abaulamentos ou sacos. “Eles são comuns e
aparecem, geralmente, em pessoas acima dos 50 anos em áreas onde a
parede intestinal está mais frágil e, por isso, acaba cedendo. A
presença de divertículos caracteriza a doença chamada diverticulose”,
explica o médico especialista em gastroenterologia, proctologia e
nutrição, Fernando Valério, de São Paulo.
Para se ter ideia da 30%
da população acima dos 50 desenvolve essas alterações, sendo que entre
os 80 e 90 anos a incidência chega a ser acima de 70%.
Segundo o médico, os divertículos surgem como decorrência de fatores
relacionados a estilo de vida, como má alimentação, obesidade e falta de
atividade física. “Uma dieta rica em fibras junto com uma
boa hidratação é a principal maneira de preveni-los, uma vez que essa
dobradinha garante fezes mais pastosas. Assim, elas ficam mais fáceis de
passar pelo intestino grosso, fazendo menos pressão na região, que
seria a responsável por essas alterações”, detalha Fernando. E é por
esse motivo que boa parte dos casos também está ligada à obesidade. “São
pessoas que se alimentam de forma errada e que, geralmente, não
praticam exercícios. E exercícios, além de boa alimentação e água, são
os grandes estimuladores do intestino”, complementa o médico.
Na maioria
dos casos, no entanto, os divertículos não causam nenhum tipo de
sintoma e, muitas vezes, a pessoa nem sabe que os possui.
Quando é preciso procurar ajuda
O
problema surge se há sangramento e se o quadro evolui para
diverticulite — inflamação do divertículo por conta da obstrução por
fezes e alimentos e que, geralmente, está acompanhada de uma infecção da
região. “De 15 a 25% desses pacientes apresentarão uma crise de
diverticulite, enquanto de 5 a 15% evoluirão com sangramento
intestinal”, coloca Fernando.
Os sintomas são dores abdominais,
principalmente, na região esquerda abaixo do umbigo ou no baixo ventre.
Mas também podem surgir inchaço na barriga causado por gases, ou ainda
náusea, vômitos, prisão de ventre e até febre, de acordo com o médico.
O
quadro pode ser confirmado por meio de exames de colonoscopia ou
tomografia computadoriza de abdômen. Fernando comenta ainda que 75% dos
casos não evoluem para algo mais grave. “Nos quadros mais simples, o
tratamento é feito em casa com antibióticos e dieta leve. Mas, há
situações que exigem internação para receber medicação e hidratação
intravenosa, com jejum por alguns dias. Já os quadros graves e severos —
com extravasamento de pus no abdômen e/ou perfuração intestinal e
presença de fezes —, exigem cirurgia de urgência para a retirada da
parte do intestino onde estão os divertículos”, explica. Ela pode ser
convencional ou via laparoscopia. E o médico é quem vai decidir a melhor
técnica para o caso do paciente.
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