Parlamentares já pedem afastamento de Eduardo Cunha
Parlamentares
ligados ao governo ou que têm se posicionado contra a atuação de
Eduardo Cunha na presidência da Câmara defenderam ontem o afastamento do
peemedebista da função, em consequência da acusação de que teria
pressionado o lobista Julio Camargo a lhe pagar US$ 5 milhões em propina
do esquema de corrupção na Petrobrás. A informação foi dada pelo
próprio Camargo, um dos delatores da Operação Lava Jato.
O
vice-líder do governo na Câmara, Sílvio Costa (PSC-PE), aproveitou os
jornalistas reunidos na Casa, logo após uma entrevista coletiva de
Cunha, pela manhã, para expor sua posição. "Peço o afastamento
temporário de Cunha pela tranquilidade do Parlamento", disse. O deputado
afirmou que vai procurar juristas para saber se "cabe um impeachment"
do peemedebista.
'Desapego'
Depois de
explicar que falava por si, e não pelo governo, Costa disse que Cunha
"perdeu as condições morais de ficar à frente da Câmara", mesmo tendo a
seu favor a presunção legal de inocência. Para o vice-líder, se
afastasse do cargo, o peemedebista mostraria que "não tem apego ao
poder".
Costa afirmou que a Câmara destituiu Severino Cavalcanti
(PP-PE) do cargo por "muito menos". Em 2005, Cavalcanti renunciou em
meio a denúncias de recebimento de um "mensalinho" pela concessão de um
restaurante da Casa.
Além do vice-líder do governo, a bancada do
PSOL defendeu a mesma medida. Em nota intitulada "Eduardo Cunha deve se
afastar", o partido disse ser "inaceitável que se confundam denúncias
feitas contra Eduardo Cunha e Renan Calheiros (do PMDB alagoano e
presidente do Senado) como um ?ataque ao Congresso Nacional?".
"Cada
parlamentar e seu partido têm que responder pelas acusações que
eventualmente sofram. Eduardo Cunha não tem direito de confundir suas
posições e ódios com a função que ocupa institucionalmente de presidente
da Câmara dos Deputados", afirmou a nota do PSOL, cujos deputados estão
entre os que mais se opõem à pauta tocada pelo peemedebista em sua
gestão na Casa.
"A confusão deliberada que Cunha produz, à guisa
de defesa, evidencia sua incompatibilidade entre a função de presidente
da Casa, que exige equilíbrio e postura de magistrado, e a condição de
investigado na Operação Lava Jato."
Na nota, a bancada do PSOL
disse que, "não havendo expectativas no gesto de grandeza que seria ele
próprio licenciar-se temporariamente", os parlamentares do partido
seguirão fazendo essa cobrança. Com informações do Estadão Conteúdo.
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