Lava Jato diz que R$ 870 milhões já foram restituídos aos cofres públicos
O procurador da República Deltan Dallagnol, da força-tarefa da Operação Lava Jato, afirmou nesta sexta-feira, 24, durante oferecimento de denúncia contra a cúpula das duas maiores empreiteiras do País, Odebrecht e Andrade Gutierrez, que já foram recuperados R$ 870 milhões aos cofres públicos. Do total, R$ 385 milhões são objeto de repatriação.
Nesta
sexta-feira, 24, a Procuradoria denunciou criminalmente mais 22 alvos
da Lava Jato, entre elas o presidente da Odebrecht Marcelo Bahia
Odebrecht, e o presidente da Andrade Gutierrez, Otávio Marques de
Azevedo. Eles são acusados de organização criminosa, de corrupção ativa,
corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Alguns acusados estão presos
preventivamente desde o dia 19 de junho, quando foi deflagrada a 14ª
fase da Operação Lava Jato – batizada de Operação Erga Omnes.
Segundo
ele, vive-se “um momento histórico”. “Nós também vivemos um período de
cifras históricas. Por um lado, essas cifras são uma tragédia. Elas são
uma tragédia quando elas representam um valor desviado dos cofres
públicos jamais visto antes na história. Esses desvios deixam uma
cicatriz na segurança, na educação e na saúde e nós não conseguiremos
pagar essas cicatrizes. Por outro lado, essas cifras históricas nos
trazem uma esperança, porque jamais houve uma recuperação de valores tão
grande na história do Brasil”, afirmou Deltan Dallagnol.
“Nós
estamos falando de um valor já restituído aos cofres públicos de R$ 870
milhões. Esses valores foram restituídos por meio de acordo de
colaboração firmados entre investigados e Ministério Público Federal.
Desses valores, R$ 385 milhões, são objeto de repatriação. Quando na
história, antes do caso Lava Jato, nós tínhamos uma repatriação inferior
a R$ 45 milhões, apenas nesse caso nós temos uma repatriação de R$ 385
milhões. A título de multas e ressarcimentos, o Ministério Público já
pediu em feitos cíveis, o valor de R$ 4,4 bilhões de reais, em feitos
criminais, o valor de R$ 2,2 bilhões.”
Até 25 de maio, 117 pessoas
já haviam sido denunciadas. Em uma balanço da operação, o procurador
afirmou que 35 pessoas foram sentenciadas, sendo 30 condenadas, 3
absolvidas a pedido do Ministério Público e 2 pessoas absolvidas contra o
pedido do Ministério Público Federal.
“Tivemos até agora 789
procedimentos já instaurados dentro do caso Lava Jato. Temos 156
inquéritos, 28 denúncias, 53 cooperações internacionais, 5 ações de
improbidade e 81 ações cautelares patrimoniais, que objetivam alcançar o
ressarcimento para os cofres públicos dos bilhões que foram desviados.
Houve já expedição de 466 mandados, sendo 297 buscas e apreensões, 48
prisões preventivas, 46 prisões temporárias e 75 conduções coercitivas.
Já houve 125 pessoas acusadas criminalmente”, disse Deltan Dallagnol.
COM A PALAVRA, A ANDRADE GUTIERREZ
“A
Andrade Gutierrez informa que os advogados ainda estão estudando a peça
apresentada hoje pelo Ministério Público Federal. No entanto, pelas
informações passadas pela equipe do MPF na coletiva de imprensa, o
conteúdo da denúncia apresentada contra seus executivos e ex-executivos
parece não trazer elementos novos além dos temas já discutidos
anteriormente, e que já foram devidamente esclarecidos no inquérito.
Infelizmente, até o momento, os devidos esclarecimentos e provas
juntadas não foram levados em consideração. A empresa entende que o
campo adequado para as discussões, a partir desse momento, é o processo
judicial, onde concentrará essa discussão, buscando a liberdade dos
executivos e a conclusão pela improcedência das acusações. A empresa
reitera que não pretende participar dessas discussões através da mídia.”
COM A PALAVRA, A BRASKEM
Nota de esclarecimento da Braskem
Em relação ao preço do contrato de nafta
-
A negociação do contrato de nafta em 2009 foi feita pela Petrobras
simultaneamente com a Braskem e com a sua concorrente à época, a
Quattor.
- As duas empresas assinaram contratos com condições idênticas e, portanto, tiveram acesso a matéria-prima nas mesmas condições.
-
A Petrobras é a única produtora de nafta no Brasil, sendo que Quattor e
Braskem eram as únicas consumidoras por ocasião da negociação do
contrato.
- Caso a Petrobras não vendesse sua produção localmente,
a estatal seria obrigada a exportar a nafta, incorrendo em relevantes
custos logísticos.
- Da mesma forma, caso Braskem e Quattor não
comprassem nafta da Petrobras, elas teriam de importar esse volume de
nafta, incorrendo, também, em custos relevantes de logística.
- O
intervalo de preço contratado, entre 92,5% e 105% de ARA, representava,
portanto, a melhor alternativa de comercialização desse produto, tanto
para a vendedora Petrobras como para as compradoras Braskem e Quattor.
-
De acordo com depoimento dado à Polícia Federal, no dia 15 de julho, já
no âmbito das investigações da Operação Lava Jato, executivo do grupo
técnico da própria Petrobras confirmou que “um valor estimado entre 91% e
93% de ARA não geraria prejuízo contábil à Petrobras”.
Em relação ao volume contratado e importação de nafta
-
A Petrobras é a única produtora de nafta no Brasil com capacidade de
produção de 11 milhões de toneladas, sendo que desde 1999 fornece
aproximadamente 7 milhões de toneladas por ano ao setor petroquímico
brasileiro, destinando o restante para a produção de gasolina.
- É
de conhecimento público que, a partir de 2010, o congelamento de preço
da gasolina no Brasil gerou um crescimento de demanda de aproximadamente
70% pelo combustível, levando a Petrobras a passar de exportadora de
gasolina para importadora.
- Para resolver esse desequilíbrio no
setor de combustível, que não guarda nenhuma relação com o setor
petroquímico, a Petrobras tomou uma decisão unilateral de usar a nafta
nacional, que estava contratada com o setor petroquímico, para aumentar a
produção de gasolina.
- Para fazer frente ao seu compromisso
contratual com o setor petroquímico, a Petrobras decidiu também
unilateralmente importar a nafta para atender o setor industrial.
- Essa decisão da Petrobras, segundo relatório interno da Petrobras, minimizou seus custos em US$ 543 milhões.
-
Dito isso, não faz nenhum sentido falar em R$ 6 bilhões de prejuízo à
Petrobras a partir do conhecimento técnico do mercado de combustíveis e
petroquímicos brasileiros.
- Por fim, essa questão não é assunto
novo e já foi objeto de ampla discussão do setor petroquímico com a
estatal e com o governo, tendo sido debatido abertamente pela Imprensa.
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