Em artigo, Marina defende afastamento de denunciados
Terceira candidata mais
votada na última eleição presidencial, a ex-ministra Marina Silva
defendeu em artigo que políticos que forem formalmente denunciados pela
Procuradoria-Geral da República se afastem dos cargos. Para ela, o
perigo é que políticos usem seus poderes para interferir nas
investigações.
"Devemos exigir o afastamento dos que ocupam cargos
cujos poderes possam interferir nas decisões. Mas desde já precisamos
estar atentos contra qualquer tentativa de sabotagem", escreveu Marina
em artigo enviado ao blog do jornalista Matheus Leitão, do G1.
A
ex-senadora critica o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, a quem acusa
de usar a manipulação da crise para aumentar seu poder. Segundo Marina,
por isso "é normal que ele agora tente explicar as denúncias de
corrupção que recebe como sendo manipulação dos outros". No entanto,
Marina aponta que os que gritam "fora Cunha" querem desviar atenção dos
gritos de "fora Dilma".
A fundadora da Rede e ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva
André Dusek/Estadão
Na avaliação de Marina, o Congresso divide com o
governo a responsabilidade pela crise. "Neste momento, deveria
predominar entre eles (parlamentares) a consciência de que o Poder
Legislativo é maior que seus membros, mesmo aqueles que ocupam cargos de
direção", disse.
A candidata do PSB nas eleições de 2014 pede
que, "ao menos em nome do bom senso", os denunciados evitem "mexer mais
ainda num equilíbrio institucional que já está precário, não usando
poderes públicos como navios de guerra onde os litigantes disparam
contra os outros". No texto, Marina defende a ação da Polícia Federal,
do Ministério Público e da Justiça na Lava Jato e argumenta que o Brasil
é capaz de sair do momento atual para outro momento positivo, assim
como na crise que culminou no impeachment de Fernando Collor. "O que
está em curso no Brasil não é apenas a desconstrução de um sistema
político que revela, a cada dia, sua falência. Há também uma lenta
construção da democracia e de instituições independentes e fortes,
instrumentos de navegação em meio às crises", argumenta.
No texto,
a ex-senadora mantém a esperança de que os culpados sejam punidos. "Se
temos que respeitar as instituições que eles, infelizmente, dirigem tão
mal, e respeitar a população que lhes confiou seu voto, temos também que
manter viva nossa esperança de que a Justiça será feita e os erros
serão punidos", escreveu.
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