"Todo mundo feliz de dizer que culpada pela corrupção é a Dilma"
A
ex-candidata presidencial Marina Silva criticou, nesta noite, 23, a
postura da sociedade brasileira de culpar a presidente Dilma Rousseff
pelas mazelas de corrupção no Brasil e discursou sobre a importância de a
sociedade brasileira sair da posição de "espectadora da democracia"
para passar a autora do processo democrático. "Aqui no Brasil está todo
mundo feliz de dizer que a culpada pela corrupção é a Dilma. Quando a
corrupção virar um problema nosso, criaremos instituições para
coibi-la", disse Marina, defendendo que as pessoas tomem
responsabilidade na política.
"Não é sustentável acharmos que a
corrupção é o problema de uma pessoa, de um grupo ou de um partido",
prosseguiu a ex-candidata ao citar outros políticos que viram alvos de
argumentações simplistas como culpados pela existência de corrupção no
País, como os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e José
Sarney (PMDB).
Marina argumentou que o Brasil só saiu da ditadura
quando ela virou um problema de toda a sociedade e não apenas dos
militares. "Enquanto a ditadura era um problema apenas dos militares, a
coisa era feia."
Internet e democracia
Marina,
hoje ainda filiada ao PSB, participa de um evento sobre novas
tecnologias e internet, que discute como novas ferramentas podem
permitir um envolvimento maior da população. Ela avaliou que a internet
pode permitir um envolvimento mais direto com a política, no que
classifica de "democracia prospectiva". Essa maneira de interagir, no
seu entender, é uma forma de responder à crise civilizatória por que
passa o Brasil e o mundo, em que cidadãos tem autonomia para se
comunicar e pensar projetos. "A internet possibilita a bilhões de seres
humanos entrarem em contato direto um com os outros, de forma que possam
prospectar formas de ampliar a democracia", afirmou.
Líder do
projeto de um novo partido, a Rede Sustentabilidade, Marina disse que a
legenda que tenta criar é uma iniciativa no Brasil, como existem outras
no mundo, de "democratizar a democracia", mudando a relação da sociedade
com a representação. A ex-candidata discursou sobre sua militância para
que a sociedade assuma papel de protagonista e não de espectadora da
política. "Esse mundo em crise não terá resposta se for para imaginar
que os políticos ou empresários vão fazer as mudanças pela sociedade",
afirmou. Ela também defendeu o que chama de "ativismo autoral" para
substituir o que classifica como "autorismo dirigido", organizado por
grandes corporações, igrejas ou sindicatos.
O evento que Marina
participa discute ferramentas digitais para ampliar as possibilidades de
democratizar a representação política, coordenado pela organização Eu
Voto. Além da ex-senadora, participa da exposição o argentino Santiago
Siri, cofundador do partido de la Red.
Siri relatou a experiência
do partido de la Red, na Argentina. A legenda, que foi oficializada em
2013, com atuação em Buenos Aires, propôs uma espécie de projeto piloto
de democracia no Legislativo municipal da capital argentina. O partido
usa um software livre, chamado Democracia OS, em que votações de
projetos de lei são discutidos com eleitores. Os parlamentares da
legenda se comprometem em votar pela decisão tomada através do
software. Com informações do Estadão Conteúdo.
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