Dólar sobe 1,5% e encosta em R$3,35, máxima em 12 anos, por preocupação fiscal
O
dólar subiu pela terceira sessão seguida, encostou em 3,35 reais e
fechou no maior nível em mais de 12 anos, ainda refletindo preocupações
com os riscos ao grau de investimento brasileiro após os cortes nas
metas fiscais do governo.
O dólar avançou 1,55 por cento, a
3,3470 reais na venda, maior patamar de fechamento desde 31 de março de
2003, quando ficou em 3,355 reais. Na máxima do dia, a divisa chegou a
3,3578 reais.
Nas últimas três sessões, incluindo esta, a moeda
norte-americana acumulou avanço de 5,48 por cento e, na semana, avançou
4,79 por cento.
"A decepção do mercado é palpável. A sensação é de
que o governo está fazendo menos esforço do que devia", disse o
operador da corretora Intercam Glauber Romano.
O governo reduziu a
meta de superávit primário deste ano a 0,15 por cento do Produto
Interno Bruto (PIB), contra 1,1 por cento do PIB previsto até então.
Além disso, abriu a possibilidade de abater até 26,4 bilhões de reais
que, no limite, pode até gerar novo déficit primário.
As metas
para 2016 e 2017, por sua vez, caíram para o equivalente a 0,7 e 1,3 por
cento do PIB, respectivamente. O objetivo anterior para cada um desses
anos era de 2 por cento do PIB, percentual que agora só deverá ser
alcançado em 2018.
"A drástica redução da meta para 2015, assim
como o ajuste extremamente gradual esperado para os próximos anos,
sublinha o esperado rebaixamento pela Moody's e pode também desencadear
revisões por outras agências e a perda do grau de investimento",
escreveram analistas do banco Brasil Plural em nota a clientes.
Em
entrevista à Reuters nesta sexta-feira, o ministro do Planejamento,
Nelson Barbosa, afirmou que as novas metas de primário são mais
realistas e suficientes para estabilizar a dívida pública do país.
Nesse
quadro, investidores aguardavam também novas pistas sobre como o Banco
Central se posicionará em relação a suas intervenções no câmbio, levando
em conta que o fortalecimento do dólar tende a aumentar a inflação já
elevada.
Nesta manhã, o BC vendeu a oferta total no leilão de
rolagem de swaps cambiais, que equivalem a venda futura de dólares. Com
isso, já rolou o equivalente a 5,098 bilhões de dólares, ou cerca de 48
por cento do lote que vence no início de agosto, que corresponde a
10,675 bilhões de dólares.
Operadores esperavam com ansiedade o
anúncio da rolagem dos contratos que vencem em setembro e correspondem a
10,027 bilhões de dólares. Se o BC sinalizar que deve continuar rolando
cerca de 70 por cento dos contratos, como fez no mês passado, a
tendência é que o dólar não volte a patamares mais baixos.
"Seria
um sinal de que o BC está confortável com o dólar nesses níveis",
explicou o operador de um importante banco internacional.
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