Lula pede suspensão de inquérito da procuradoria
A
defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003/2010) entrou
com uma reclamação disciplinar no Conselho Nacional do Ministério
Público para requerer apuração da conduta do procurador Valtan Timbó
Mendes Furtado - autor do pedido de Procedimento de Investigação
Criminal (PIC) contra Lula por suposto tráfico de influência em favor da
empreiteira Odebrecht no exterior.
Em nota divulgada nesta
sexta-feira, 17, o Instituto Lula informou que sua defesa pediu
'nulidade de inquérito irregular à Corregedoria do Ministério Público'.
A
suspeita é de que a Odebrecht teria obtido vantagens com agentes
públicos de outros países por meio de influência do petista, que deixou o
Palácio do Planalto no fim de 2010. Reportagem do jornal O Globo
revelou recentemente que o ex-diretor de Relações Institucionais da
empreiteira Alexandrino Alencar acompanhou Lula em uma viagem por Cuba,
República Dominicana e Estados Unidos, em janeiro de 2013. A empresa
teria custeado as despesas do voo do ex-presidente, mesmo não sendo uma
viagem de trabalho para a empreiteira. No documento do voo, está
registrado como "passageiro principal: voo completamente sigiloso." A
empreiteira é uma das investigadas na Operação Lava Jato.
Na nota
em que informa sobre a reclamação ao Conselho Nacional do Ministério
Público, o Instituto Lula faz referência a um outro procedimento, sob
condução da procuradora Mirella de Carvalho Aguiar. "O Instituto Lula
tem colaborado e prestado todas as informações solicitadas pela
procuradora Mirella de Carvalho Aguiar. Mas, diante do espanto da
abertura de um Procedimento Investigatório Criminal (PIC), sem nenhum
indício de crime, e isso está nos despachos dos procuradores, e pelas
diversas irregularidades na abertura do PIC, os advogados do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva apresentaram nesta sexta-feira,
17, uma reclamação disciplinar ao Conselho Nacional do Ministério
Público, para requerer apuração da conduta do procurador Valtan Timbó
Mendes Furtado, autor do pedido de abertura do PIC contra o
ex-presidente", diz o texto.
A representação pede a suspensão do
inquérito, abertura de sindicância e processo administrativo disciplinar
referente às atitudes de Furtado. De acordo com os advogados do
ex-presidente, houve 'violação dos deveres funcionais' por parte do
procurador. Na avaliação dos advogados, 'ao interferir na apuração
preliminar conduzida pela procuradora titular Mirella de Carvalho
Aguiar, (Furtado) desconsiderou prazos e instâncias do próprio
Ministério Público, além de ignorar a manifestação de defesa de Lula'.
"O
único fundamento apresentado pelo procurador Valtan Furtado para a
prática do ato, qual seja, a iminência do esgotamento do prazo de
tramitação da Notícia de Fato, note-se, é falso", afirma a nota
divulgada pelo Instituto Lula. "E, de qualquer forma, como já exposto,
não havia qualquer fato novo ou urgência a justificar a mitigação do
princípio do promotor natural."
Segundo o Instituto, Furtado
instaurou o PIC contra o ex-presidente em 8 de julho de 2015, um dia
antes de serem protocolados junto ao Ministério Público os
esclarecimentos da defesa de Lula aos questionamentos da Notícia de Fato
-'portanto, desconsiderando o direito de ampla defesa garantido pela
Constituição ao ex-presidente'.
"O prazo final para a entrega da
defesa do ex-presidente, conforme definição da procuradora titular, era
11 de julho. Já o prazo final para o processo de apuração preliminar
como um todo, que antecede a decisão de abertura do PIC, era 18 de
setembro."
O Instituto destaca que "Furtado assumiu a autoria do
PIC desconsiderando que os substitutos naturais de Mirella, que está em
férias, deveriam ser integrantes do 1º, 2º ou 3º Ofícios de Combate à
Corrupção do Ministério Público Federal".
"O procurador não integra nenhum desses órgãos", diz a nota.
"Em
conclusão à lista de irregularidades do processo, Furtado tentou ainda
promover a quebra de sigilo fiscal e de correspondência de Lula e de seu
Instituto por meio de pedido de compartilhamento de informações com a
Operação Lava Jato, ainda que a mesma não esteja investigando o
ex-presidente ou o Instituto Lula."
"Vê-se, com isso, que houve um
verdadeiro atropelamento, desrespeito e tumulto ocasionado pelo
procurador Valtan Furtado nas investigações preliminares em curso no
âmbito da 'Notícia de Fato', o que macula inexoravelmente a sua isenção
funcional e ipso facto, a própria idoneidade e higidez da investigação
levada a efeito na 'Notícia de Fato'", destaca o texto. Com informações
do Estadão Conteúdo.
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