Dívida do Tesouro com o Banco do Brasil chega a R$ 16,4bi
A
dívida pendurada pelo Tesouro Nacional no Banco do Brasil cresceu
1.692% em dez anos, em termos nominais. Entre o fim de 2005 e o primeiro
trimestre de 2015, o total devido pelo Tesouro ao BB saiu de R$ 919,6
milhões para os atuais R$ 16,4 bilhões. Apenas no governo Dilma
Rousseff, que começou em janeiro de 2011, o avanço desse passivo foi de
182%.
Essa forma de "pedalada fiscal" já foi condenada pelo
Tribunal de Contas da União (TCU), que, em julgamento realizado em
abril, decidiu que o governo federal deveria acertar todos os seus
passivos com bancos públicos. Além do BB, o Tesouro também mantém
dívidas com o BNDES. O governo entrou com um recurso no TCU, alegando
que há prazos para esses pagamentos serem realizados.
São três
modalidades de dívida do Tesouro inscritas nos balanços do BB, segundo o
economista Ebenézer Nascimento, que fez levantamento com os balanços
anuais do BB de 2005 ao início de 2014. O estudo foi atualizado pelo
Estado com os dados de 2015. As modalidades são o "alongamento" do
crédito rural, subsídios agrícolas e créditos a receber do Tesouro.
As
maiores dívidas do Tesouro com o BB estão concentradas na modalidade de
equalização de taxas agrícolas. Essa é a forma como é chamado o gasto
do governo com subsídios. O BB toma recursos no Tesouro a um custo mais
elevado do que aquele que ele cobra dos tomadores de crédito agrícola
subsidiado. Para cobrir essa diferença entre taxas, o Tesouro deve pagar
ao banco uma "equalização". A mesma operação ocorre na relação entre o
Tesouro e o BNDES no Programa de Sustentação do Investimento (PSI),
criado em 2009 para estimular investimentos.
No caso do PSI, o
governo federal está "despedalando", afirma o analista de finanças
públicas Fábio Klein, economista da Tendências Consultoria. Segundo
dados levantados por Klein, o governo pagou R$ 2,12 bilhões ao BNDES
pela equalização de juros do PSI entre janeiro e maio deste ano. No
mesmo período do ano passado o governo pagou somente R$ 54 milhões.
"Já
com o BB, o saldo em descoberto aumentou, porque o volume de operações
de crédito rural do BB saltou muito nos últimos anos. Mas ter R$ 16
bilhões em dívidas do Tesouro não é bom para o banco, que poderia usar o
dinheiro para outro fim. O Tesouro, por outro lado, melhora seu quadro
fiscal dessa forma", disse Klein.
O Banco do Brasil afirmou, por
meio de nota, que a equalização de juros com operações de crédito rural é
regulamentada pela Lei 8.427 e por portarias do Ministério da Fazenda.
"O valor da equalização é atualizado pela taxa Selic desde a sua
apuração, que ocorre de acordo com a respectiva portaria, até o
pagamento pelo Tesouro, que é realizado segundo programação orçamentária
daquele órgão. A atualização pela Selic preserva a adequada remuneração
ao banco e contribui para a evolução do saldo", disse o BB.
O BB
justificou o aumento da dívida do Tesouro com o salto no crédito
agrícola subsidiado. No Plano Safra de 2004/2005, os desembolsos do BB
foram de R$ 25,8 bilhões - já no plano 2014/2015, o volume chegou a R$
73,3 bilhões. "Consequentemente, aumentou o volume de recursos
equalizáveis."
Segundo Nascimento, economista aposentado pelo BB,
não há "lógica" para o banco "manter esse passivo aplicado a um
rendimento qualquer, mesmo sendo a Selic". Segundo ele, "ao manter-se
inadimplente para com o banco, o Tesouro mostra estar insensível ao
problema que está sendo causado".
Por meio de nota, o Tesouro
informou que o pagamento dos subsídios agrícolas "observa as regras
vigentes e a programação financeira, de modo que nesse exercício já foi
pago cerca de R$ 1,4 bilhão". O Tesouro informou que o pagamento dos
valores "será oportunamente tratado, conforme vier a se pronunciar o
TCU, após apreciação do recurso submetido pela União àquela corte". Com
informações do Estadão Conteúdo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário