BRASÍLIA - O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), anunciou
nesta tarde de quinta-feira, 24, o adiamento da votação do parecer do
pacote anticorrupção no plenário da Casa para a próxima terça-feira, 29.
"Ninguém pode se sentir ofendido por uma decisão onde o plenário da
Câmara é soberano. Isso (anistia do caixa 2) tem sido dito para denegrir
a imagem do Parlamento", afirmou. O projeto anticorrupção que deve
incluir perdão ao caixa 2 e punição a juízes e procuradores por crime de
responsabilidade. As duas matérias são alvo de críticas de membros do
Ministério Público, que tem pressionado a relatoria do projeto para
retirá-los.
Nas últimas horas, deputados tentavam retirar a
relatoria do texto no plenário das mãos de Onyx Lorenzoni (DEM-RS). Ele é
acusado por deputados de não estar cedendo aos pedidos da Casa,
favorecendo assim apenas os pleitos do Ministério Público.
O
relator, no entanto, conversou com o Broadcast Político após falar com
Maia e afirmou que não haverá mudança nenhuma no seu relatório. "Não tem
mudança nenhuma, anistia estou fora", disse ele, referindo-se à
tentativa de deputados de incluírem perdão a quem praticou no passado
caixa 2 eleitoral.
Questionado sobre o risco de perder a relatoria
do texto no plenário, Onyx respondeu: "Acho que agora não", sugerindo
que a sua permanência no posto ficou garantida após a reunião com Maia.
Na sequência, Onyx se dirigiu para o plenário da Casa, onde dos
deputados discutem um pedido de urgência para o projeto.
Presente
na reunião com Maia, o líder do PTB, Jovair Arantes (GO), defendeu que
haja ajustes no parecer elaborado por Onyx e aprovado ontem. "Estamos
tentando achar pontos de acordo. Ajustes precisam ser feitos", afirmou.
Segundo ele, entre os pontos que podem ser alterados está a inclusão de
crime de responsabilidade para juízes e promotores. "A lei tem que ser
para todos", ressaltou Jovair. Os deputados também discutem sobre a
tipificação de caixa 2 eleitoral.
Reações. O juiz
federal Sérgio Moro divulgou nota pública nesta quinta-feira, 24,
alertando para os riscos que a eventual anistia dos crimes eleitorais de
corrupção e de lavagem de dinheiro pode trazer à Operação Lava Jato e
ao ‘futuro do País’. “Toda anistia é questionável, pois estimula o
desprezo à lei e gera desconfiança”, adverte Moro, o juiz da Lava Jato.
É
a primeira manifestação pública de Moro contra as articulações dos
parlamentares. Para o magistrado, a anistia ‘deve ser prévia e
amplamente discutida com a população e deve ser objeto de intensa
deliberação parlamentar’.
O procurador da República Deltan
Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Lava Jato, também deu
declarações de repúdio à possibilidade de aprovação dos dois temas.
"Anistiar crimes como corrupção e lavagem sob um título de 'anistiar
caixa 2' anularia a mensagem da Lava Jato de que estamos nos tornando,
efetivamente, uma República, um lugar em que todos são iguais perante a
lei e se sujeitam a ela, independentemente de bolso, cor ou cargo",
afirmou Dallagnol. “Está nas mãos do plenário da Câmara, agora,
fortalecer as esperanças dos brasileiros”, disse.
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