O depoimento do ex-ministro da Cultura Marcelo Calero à Polícia Federal que expôs pressão do presidente Michel Temer para que a pasta resolvesse o problema pessoal do ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, agravou a crise do governo.
A Procuradoria Geral da República recebeu o depoimento de Calero e avalia se pedirá ao Supremo Tribunal Federal abertura de inquérito contra Geddel. Já a oposição fala em pedir o impeachmentdo presidente. Vice-líder do PT, Paulo Pimenta (RS), dispara: “Isso é passível de impeachment”.
O
pedido de imepachment já estudado por integrantes do Partido dos
Trabalhadores, caso seja identificado crime de responsabilidade. O
discurso da gravidade da postura do presidente é endossado pelo líder da
Rede, Alessandro Molon (RJ). "Se confirmar, a denúncia é extremamente grave”, emendou.
Outro lado
Temer
confirma a conversa com Calero, mas nega pressão. Porta-voz da
presidência, Alexandre Parola afirmou que o presidente “sempre endossou caminhos técnicos para solução de licenças em obras ou ações de governo”.
O
presidente disse estranhar a afirmação do ministro de que "o presidente
o teria enquadrado ou pedido solução que não fosse técnica”.
De acordo com o jornalista Kennedy Alencar, a Polícia Federal informou ao Ministério da Justiça que o ex-ministro gravou os encontros.
Revelações
À
Polícia Federal, Calero disse que o presidente pediu para ele construir
uma saída para que o processo fosse encaminhado à Advocacia-Geral da
União, porque a ministra Grace Mendonça teria uma solução. Disse ainda
que o presidente afirmou que “a política tinha dessas coisas, esse tipo de pressão”.
Entenda o caso
O empreendimento de luxo do La Vue Ladeira da Barra,
pivô da demissão de Calero, foi embargado pelo Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional (Iphan), no último dia 16. Segundo o
ex-ministro, assim que assumiu o comando da Cultura passou a ser pressionado por Geddel para elaborar outro parecer.
"Então
você me fala, Marcelo, se o assunto está equacionado ou não. Não quero
ser surpreendido com uma decisão e ter que pedir a cabeça da presidente
do Iphan", afirmou Calero à Folha de S.Paulo.
"Uma
situação como essa, de um ministro ligar para outro ministro pedindo
interferência em um órgão público para que uma decisão fosse tomada em
seu benefício, não é normal e não pode ser vista assim. Não é normal",
afirmou ao Estado de S.Paulo.
Calero afirmou ainda que o ministro disse ter comprado o imóvel "com a maior dificuldade”. A unidade é avaliada em R$ 2,5 milhões.
Geddel reconhece a compra do imóvel e que tratou sobre o assunto com Calero, mas nega conflito de interesses.
"É uma situação absolutamente tranquila e serena. Tratei o ministro
Calero com transparência, com tranquilidade, com serenidade", disse ao
HuffPost Brasil no sábado (19).
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