A publicitária e filha do
ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), Danielle Dytz da Cunha
afirmou, em depoimento à força-tarefa da Lava Jato, 'não saber' porque
seu pai lhe deu um cartão de crédito internacional no período em que ela
morou no exterior, sendo que ela já possuía um cartão brasileiro.
Ela
disse ainda que seu pai lhe deu o cartão com o objetivo de custear sua
estadia no tempo em que morou fora do Brasil, entre 2011 e 2013, e que,
mesmo com um cartão brasileiro com um limite de gastos de R$ 10 mil,
utilizou 'principalmente o cartão estrangeiro', do qual não recebia os
extratos e cujos pagamentos eram autorizados por Eduardo Cunha.
Indagada
pelos procuradores da força-tarefa, Danielle também disse que 'sabe
quanto é o salário de um deputado federal, mas presumia que o dinheiro
que mantinha o alto padrão de vida da família era proveniente do
patrimônio da atividade anteriormente desenvolvida por Eduardo Cunha'.O
cartão de crédito estrangeiro recebido por ela estava associado à
offshore Köpek, da atual mulher de Cunha e madrasta de Danielle, Cláudia
Cordeiro Cruz, ré na Lava Jato acusada de lavagem e evasão de US$ 1
milhão nesta conta.
A Köpek não era declarada às autoridades
brasileiras, foi descoberta graças ao apoio de investigadores suíços e,
segundo a Lava Jato, recebeu recursos da propina destinada ao
ex-presidente da Câmara no esquema de corrupção na Petrobrás. Aos
investigadores, Danielle negou conhecer a Köpek.
A publicitária
contou que morou no exterior em três ocasiões, de 2001 a 2002, por um
semestre em 2007 e entre 2011 e 2013, quando fez um MBA na Espanha e
depois foi trabalhar na Alemanha e nos Estados Unidos. Como revelaram as
investigações, seu curso no exterior foi pago com recursos da conta
Köpek, aberta em 2008 no banco suíço Julius Baer por Cláudia Cruz.
O
depoimento de Danielle foi tomado pelo Ministério Público Federal no
dia 28 de abril deste ano, quando Cunha ainda era deputado e já era réu
no Supremo Tribunal Federal acusado de receber propinas no esquema de
corrupção na Petrobrás. Ela foi ouvida a pedido de sua própria defesa em
uma investigação da Procuradoria da República sobre a atuação do
lobista do PMDB João Augusto Henriques na Petrobrás.
Com seu
depoimento, agora tornado público na Lava Jato, e as provas obtidas em
cooperação jurídica com o Ministério Público da Suíça sobre as contas da
família Cunha no exterior, a força-tarefa abriu uma investigação à
parte sobre Danielle para apurar se ela teria lavado dinheiro do esquema
de corrupção na Petrobrás.
Danielle também alegou que, mesmo no
período em que foi casada e com uma renda atual de R$ 5 mil a R$ 10 mil
mensais, ainda era dependente financeiramente de seu pai que, segundo
ela, 'sempre gerenciou sua vida financeira', fato que ela afirmou não
ver nenhum problema.
Nenhum comentário:
Postar um comentário