A ação penal em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é
réu no âmbito da operação Lava Jato teve nessa sexta-feira (25) a
oitiva de mais três testemunhas de acusação arroladas pelo Ministério
Público Federal (MPF). A audiência foi marcada por novas discussões
envolvendo a defesa do petista e o juiz federal Sergio Moro, da 13ª Vara
Federal de Curitiba.
Os advogados de Lula contestaram perguntas
feitas pelos procuradores do MPF às três testemunhas: o doleiro Alberto
Youssef e os lobistas Fernando Soares e Milton Pascowitch. A principal
alegação era de que a promotoria estaria formulando perguntas que fugiam
do escopo da denúncia. As intervenções foram indeferidas por Moro, que
afirmou haver um contexto a ser esclarecido e autorizou a sequência da
oitiva.
Quando teve a palavra, a defesa do petista questionou os
depoentes se estes tinham firmado ou estariam firmando contrato de
colaboração com autoridades de outro país, e se o MPF estaria envolvido
nestes acordos. As três testemunhas pediram a Moro para não responder a
essas perguntas sob a alegação de que havia a imposição de um sigilo a
ser cumprido, e o juiz permitiu.
“Ficam reiterados todos os
protestos relativos ao cerceamento do direito de defesa, na medida em
que vossa excelência tomou o compromisso da testemunha, e a testemunha
tem o dever de esclarecer os fatos”, disse um dos advogados de Lula.
Moro
disse que iria respeitar a posição das testemunhas. "Não conheço essas
negociações que ocorrem eventualmente lá fora, se é que existem. Se a
testemunha vislumbra um eventual prejuízo, eu entendo que ela não pode
ser forçada a depor, até porque não há nenhuma relevância para o objeto
da acusação”, avaliou o juiz.
A defesa do ex-presidente replicou:
“Apenas peço que vossa excelência fique atento ao contexto da defesa
também. Porque está muito atento ao contexto da acusação”. O juiz
respondeu que o contexto da acusação está na denúncia e pediu que fosse
esclarecido também o contexto dos advogados, mas eles optaram por não
adiantar a estratégia de defesa.
O depoimento do pecuarista José
Carlos Bumlai, que estava previsto para ontem, foi remarcado para a
próxima quarta-feira (30), quando também devem ser ouvidas outras três
testemunhas de acusação.
Depoentes negam envolvimento de Lula
Os
três depoentes foram questionados se mantiveram, em algum momento,
conversa ou tratativa de pagamentos indevidos com o ex-presidente Lula.
Todos eles responderam negativamente à pergunta. As testemunhas também
disseram não conhecer nenhuma informação que ligue o petista ao
apartamento tríplex em Guarujá, litoral de São Paulo.
Além do
ex-presidente, são réus desta ação penal a esposa dele Marisa Letícia, o
presidente do Instituto Lula Paulo Okamotto, e mais cinco pessoas. Lula
e Marisa foram dispensados por Moro de comparecer às audiências,
bastando apenas a presença dos advogados. Com informações da Agência
Brasil.
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