BRASÍLIA - Prestes a retornar à condição de oposição após 13 anos no poder, o PT pretende adotar parte da cartilha que consagrou o partido como grande opositor durante o governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
Àquela época, o partido pediu o impeachment de FHC e rejeitou sua agenda de medidas no Congresso, adotando o “kit-obstrução”. Petistas agora prometem obstruir a agenda de propostas a serem apresentadas por Michel Temer (PMDB), caso ele assuma o governo; pressionar para a instalação da Comissão Especial do Impeachment do peemedebista e não dar trégua ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), até que ele seja afastado do comando da Casa.
Por ora, petistas evitam admitir publicamente o fim do governo Dilma, mas enfatizam que, se Temer vier a sucedê-la, ele não terá um tratamento digno de quem ocupou o cargo pelas vias democráticas, portanto não será reconhecido como presidente da República. “Não reconheceremos a legitimidade de um governo que não seja fruto do voto popular”, resumiu o vice-líder da bancada do PT, Paulo Pimenta (RS).
Outro vice-líder petista na Casa, Carlos Zarattini (SP), avisou que a bancada não admitirá projetos que signifiquem perda de direitos conquistados, como corte em programas sociais e flexibilização das leis trabalhistas, concessão de benefícios ao capital financeiro ou mudança no regime de exploração do pré-sal. “Ele (Temer) não teve um voto, uma proposta programática que tenha sido discutida com a população. Será um governo caracterizado por ter feito um golpe. É ilegítimo.”
Chamando o vice-presidente da República de “conspirador”, o deputado e vice-líder do PT na Câmara, Wadih Damous (RJ) disse que o partido terá uma postura oposicionista de confronto ao que chama de “ditadura”. Após mais de uma década no governo, a sigla terá de se readaptar à condição de oposição. “Espero que o PT não tenha perdido a memória e reaprenda a fazer oposição.”
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