A presidente Dilma
Rousseff admite que seu afastamento da Presidência se tornou
"inevitável" e decidiu traçar uma agenda para "defender seu mandato" e
impedir que o vice Michel Temer "se aproprie" de projetos e medidas de
seu governo.
Chancelada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva, a estratégia tem o objetivo de manter a mobilização da base
social do PT e reproduzir o discurso de que Dilma é "vitima de um golpe"
e que um eventual governo Michel Temer é "ilegítimo".
A
presidente pediu à sua equipe para "apressar" tudo que estiver "pronto
ou perto de ficar pronto" para ser anunciado antes de o Senado aprovar a
admissibilidade do processo de seu impeachment, em votação prevista
para o dia 11 de maio, o que vai resultar no seu afastamento do cargo
por até 180 dias.
Segundo um assessor direto, Dilma não quer
deixar para Temer ações e medidas elaboradas durante seu governo. Nesta
lista, estão as licitações de mais quatro aeroportos (Porto Alegre,
Fortaleza, Florianópolis e Salvador), concessões de portos e medidas
tributárias como mudanças no Supersimples.
A ordem, de acordo com
um auxiliar, "é limpar as gavetas" e promover um ritual de saída do
governo. A petista determinou ainda resolver tudo o que for possível
nestes próximos dias para evitar críticas da equipe de Temer de que
assumiu um governo "desorganizado".
Neste ritmo de reta final,
Dilma vai também instalar o CNPI (Conselho Nacional de Política
Indigenista), anunciará a prorrogação da permanência de médicos
estrangeiros no programa Mais Médicos, participará de Conferência
Conjunta dos Direitos Humanos e deve entregar no Pará novas unidades do
Minha Casa, Minha Vida.
Para a próxima semana, está prevista a
cerimônia da tocha olímpica, com forte claque petista no Palácio do
Planalto, e o lançamento do Plano Safra da Agricultura Familiar
2016/2017.
Auxiliares da presidente defendem a ideia de que ela
precisa sair do "imobilismo" e tentar mostrar que ainda tem algum apoio
social. Dilma estuda ainda ir a São Paulo para evento das centrais
sindicais em celebração ao 1º de Maio, Dia do Trabalho.
FATOR LULA
Na
noite desta segunda-feira (25), por exemplo, Lula visitou rapidamente o
terceiro andar do Planalto para cumprimentar os integrantes da Frente
Brasil Popular, que teriam uma reunião com Dilma.
Segundo aliados,
a aparição do ex-presidente, que durou cerca de dez minutos, foi um
gesto para mostrar que o petista "está ali" e que é preciso "resistir
até o fim".
No encontro, os movimentos de esquerda disseram a
Dilma que se Michel Temer assumir, eles "não darão sossego" e farão
protestos e paralisações nacionais.
Interlocutores de Lula e Dilma
reconhecem que o governo não conseguirá impedir a admissibilidade do
processo de impeachment pela comissão especial do Senado, mas ponderam
que a mobilização social será fundamental nesse período.
A
presidente acredita que pode ser inocentada ao fim do julgamento pelo
Senado, podendo, assim, retomar seu mandato. Parlamentares do PT e o
próprio ex-presidente Lula, porém, acreditam que, após o afastamento de
Dilma, o quadro vai ficar "muito difícil" e, mesmo que ganhe no
julgamento, ficará sem condições de governabilidade.
Isso porque,
afirmam, Temer já articula o novo governo, inclusive com o anúncio
informal de ministros em postos estratégicos, como Henrique Meirelles na
Fazenda.
Diante do governo peemedebista, a ordem de Lula e da
cúpula do PT é "infernizar" Temer e não colaborar "de maneira nenhuma".
Com informações da Folhapress.
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