Por Ricardo Brandt, enviado especial a Curitiba, Julia Affonso e Fausto Macedo
A
Justiça Federal condenou a cúpula da OAS por corrupção, lavagem de
dinheiro e organização criminosa na Operação Lava Jato. José Aldemário
Pinheiro, o Léo Pinheiro, e Agenor Medeiros foram condenados a 16 anos e
4 meses de reclusão.
Os executivos Mateus
Coutinho de Sá Oliveira e José Ricardo Nogueira Breghirolli pegaram onze
anos de reclusão e Fernando Stremel foi condenado a quatro anos em
regime aberto.
Os delatores Paulo Roberto Costa , ex-diretor da Petrobrás, e Alberto Youssef, doleiro, também foram condenados.
A
Lava Jato apurou que a OAS fez parte do cartel de empreiteiras que se
apossou de contratos bilionários na Petrobrás, entre 2004 e 2014. O juiz
federal Sérgio Moro aponta na sentença "quadro sistêmico de crimes".
A OAS é a segunda empreiteira condenada na Lava Jato. Em 20 de julho, executivos ligados à Camargo Corrêa foram condenados por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
Os
executivos da OAS foram presos pela Juízo Final, 7ª fase da Lava Jato,
deflagrada em 14 de novembro de 2014. A Juízo Final pegou o braço
empresarial da corrupção na Petrobrás.
Em
março, o Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou a transferência dos
executivos para a prisão domiciliar, monitorados com tornozeleira
eletrônica. Ao condenar os empresários, o juiz Moro mandou tirar a
tornozeleira.
"Resolvo alterar parcialmente
as medidas cautelares, especificamente o recolhimento domiciliar com
tornozeleira eletrônica. Apesar da medida ser imprescindível antes do
julgamento, como entendeu o Egrégio Supremo Tribunal Federal, entendo
que no presente momento, prolatada a sentença, não se faz ela mais
conveniente", decidiu o juiz.
Para Moro, a
tornozeleira tem "o efeito colateral negativo de propiciar a futura
detração da pena, ou seja, cada dia de recolhimento domiciliar equivale a
um dia na prisão".
"A manutenção do
recolhimento domiciliar por período recursal ainda incerto pode levar na
prática a que o condenado cumpra toda a pena privativa de liberdade em
recolhimento domiciliar."
Na sentença em que
condena os dirigentes da OAS, o juiz federal Sérgio Moro destaca que "a
prática do crime corrupção envolveu o pagamento de R$ 29.223.961,00 à
Diretoria de Abastecimento da Petrobrás, um valor muito expressivo".
Segundo a sentença, um único crime de corrupção envolveu pagamento de
ceca de R$ 16 milhões em propinas. Moro fixou o regime fechado para
o início de cumprimento da pena dos executivos da OAS.
A
denúncia do Ministério Público Federal apontou que a OAS participou do
cartel e ganhou, mediante ajuste do conluio, obras contratadas pela
Petrobrás referentes à Refinaria Getúlio Vargas (REPAR) e à Refinaria do
Nordeste Abreu e Lima (RNEST) e pagou propina de 1% sobre o valor dos
contratos e dos aditivos à diretoria de Abastecimento da Petrobrás
comandada por Paulo Roberto Costa. Para efetuar o pagamento, utilizou os
recursos provenientes dos próprios contratos, submetendo-o a prévias
condutas de ocultação e dissimulação executadas por Alberto Youssef,
antes do pagamento.
Nenhum comentário:
Postar um comentário