sábado, 18 de junho de 2016

Filho de Perrella, secretário de Temer é réu por desvio para abastecer helicóptero







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Image caption Gustavo Perrella seria responsável por desvios de cerca de R$ 15 mil dos cofres públicos para abastecer helicóptero de empresa da família durante mandato de deputado estadual
Nomeado nesta sexta-feira, o novo secretário nacional de futebol e defesa dos direitos do torcedor, Gustavo Perrella, é réu em duas ações civis por uso de dinheiro público para fins pessoais e criação de cargo fantasma para um funcionário da família, segundo informações oficiais do Tribunal de Justiça de Minas Gerais e do Ministério Público mineiro.

Filho do senador mineiro Zezé Perrella (PDT-MG), Gustavo seria responsável por desvios de cerca de R$ 15 mil dos cofres públicos para abastecer o helicóptero de uma empresa da família durante seu mandato de deputado estadual, entre 2010 e 2014. 

Ele também é acusado de criar um cargo fantasma para o então piloto da aeronave, cujo salário teria sido pago com dinheiro público. Trata-se do mesmo helicóptero onde quase meia tonelada de pasta-base de cocaína foi encontrada pela Polícia Federal em 2013.

A secretaria assumida por Gustavo Perrella é vinculada ao Ministério dos Esportes, chefiado pelo peemedebista Leonardo Picciani (RJ), nomeado em 13 de maio pelo presidente interino Michel Temer.
À BBC Brasil, o Ministério Público mineiro, autor das denúncias, afirmou que Perrella "custeava o combustível com recursos próprios e depois pedia reembolso à Assembleia Legislativa de Minas Gerais". A promotoria diz que "14 ou 15 viagens" teriam sido financiadas ilegalmente entre 2010 e 2013.

Procurado, o Ministério do Esporte negou que o secretário seja réu nos casos. "Nas duas ações as quais o jornalista se refere, o secretario não foi nem citado. O acusado só se torna réu quando a Justiça aceita a denúncia, e isso não ocorreu", afirmou a pasta, em nota.

A reportagem então enviou detalhes dos processos obtidos pelo sistema do Tribunal de Justiça de Minas Gerais que mostram o nome completo de Perrella, classificado como "réu". Segundo o Tribunal, o status dos processos é "ativo".

Por meio da assessoria do Ministério do Esporte, o advogado do secretário, Sérgio Santos Rodrigues, afirmou que o "site do Tribunal de Justiça deve estar errado e que a resposta oficial é esta". 

A reportagem voltou a conversar com fontes no Ministério Público, que confirmaram a veracidade da informação oficial e classificaram a possibilidade de erro no sistema do tribunal como "impossível".

'Provas consistentes'

Ainda segundo a promotoria, o então piloto da aeronave teria confirmado em depoimento ao Ministério Público que não frequentava a Assembleia Legislativa. Ele teria dito ainda que fora contratado para ter direito a benefícios como "plano de saúde, vale alimentação e refeição".

Os inquéritos foram instaurados depois que o helicóptero da família Perrella foi apreendido com 445 quilos de pasta-base de cocaína, no final de 2013.

Por decisão da Justiça Federal, em 2014, o helicóptero foi devolvido à família, e Gustavo foi considerado inocente no caso relacionado ao transporte de drogas.

"Temos aqui o dever de não ajuizar qualquer ação se houver dúvidas sobre a consistência das provas produzidas. Os elementos são extremamente robustos", disseram representantes do Ministério Público mineiro à reportagem. "Perrella usou a aeronave para fins privados e a abasteceu com dinheiro público."
 Informações oficiais do Tribunal de Justiça de MG mostram processos em que Gustavo Perrella é réu



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Image caption Informações oficiais do Tribunal de Justiça de MG mostram processos em que Gustavo Perrella é réu
"Foram dados prazos para que o acusado apresentasse documentação para justificar o uso do dinheiro público para o combustível. Nada foi apresentado", prosseguiu a promotoria.

Durante visita a Londres, o novo ministro dos Esportes, Leonardo Picciani, justificou à BBC Brasil a nomeação - e teceu elogios ao secretário. 

"Foi uma decisão profissional. Há poucas pessoas com as qualificações de Gustavo. Fiquei impressionado com o trabalho dele ao reduzir a violência nos estádios", disse.

O peemedebista ressaltou sua decisão de manter "grande parte do quadro técnico" da gestão anterior do ministério.

Crítica e nomeação

Gustavo Perrella virou secretário um mês após seu pai, o senador Zezé Perrella (PTB-MG) fazer críticas à nomeação de Picciani.

Em entrevista à BBC Brasil minutos após a aprovação do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff pelo Senado, Perrella afirmou:

"Do jeito que estão sendo feitas as composições dos ministérios, eu já vejo alguma insatisfação dentro do PSDB, eu já vejo insatisfação dentro do meu próprio partido, eu já vejo insatisfação aqui dentro com a maneira que esses ministérios estão sendo montados".

O senador prosseguiu: "Não porque a gente esteja buscando ministérios, mas está gerando insatisfação. O Michel Temer já deu cargos, como no Rio de Janeiro. Ele deu o Ministério do Esporte para uma pessoa que votou inclusive contra ele. Isso acaba gerando mal estar dentro da base de apoio dele".

A reportagem questionou o Ministério do Esporte sobre os comentários do senador. A pasta informou que o ministro Picciani "não tem o que comentar sobre eventuais declarações do senador".
Zezé Perrella



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Image caption "Michel Temer já deu cargos, como no Rio de Janeiro, deu o Ministério do Esporte para uma pessoa que votou inclusive contra ele. Isso acaba gerando mal estar dentro da base de apoio dele", disse Zezé Perrella em maio

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