Um professor de
economia despertou polêmica na China ao sugerir que homens de classe
baixa do país compartilhem esposas como forma de lidar com a
desproporcionalidade populacional de gênero no país.
Xie
Zuoshi, da Universidade de Zhejiang, argumenta que relações poligâmicas
evitarão o que ele considera uma "competição desleal" por parceiras nas
próximas décadas.
A China
tem um dos maiores desequilíbrios entre populações masculinas e
femininas do mundo: para cada 100 meninas que nascem, vêm ao mundo 118
meninos. Tal desproporcionalidade é atribuída a uma combinação de dois
fatores: a Política do Filho Único, instituída pelo governo chinês em
1978 como forma de controle populacional, e a estrutura patriarcal da
sociedade chinesa.
"Imoral"
Outro
complicador é que o êxodo rural na China está fazendo com que muitas
mulheres tomem caminho das grandes cidades para trabalhar, deixando para
trás homens em dificuldades para arrumar parceiras.
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Segundo estudos acadêmicos, já em 2020 deverá haver um contingente de 30 a 40 milhões de homens "sobrando" no país.
Zuoshi diz tal cenário favorecerá homens de maior poder aquisitivo na busca por parceiras.
"Para os homens de
menor poder aquisitivo, a solução pode ser unir forças para encontrar
uma mulher. Não se trata de algum devaneio meu. Em áreas remotas e
pobres (da China) já há casos de irmãos se casando com a mesma esposa e
vivendo em harmonia", diz o economista, no texto de um estudo publicado
na semana passada.
Zuoshi
também sugere que melhorias econômicas podem fazer com que homens
chineses busquem esposas no exterior. Um fenômeno que já vem se
manifestando nos números crescentes de chineses se casando com mulheres
de vizinhos asiáticos como Vietnã e Myanmar - mas que, infelizmente,
também está sendo explorado pelos traficantes de pessoas.
A
mídia chinesa deu destaque ao estudo do economista, mas a recepção do
público foi marcada por críticas severas às ideias, sobretudo ao que
muitos viram como uma transformação de mulheres em mercadorias. No
Weibo, a principal ferramenta de mídia social chinesa, usuários disseram
que as propostas são ilegais e imorais.
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"Se
para você as mulheres têm apenas a função de gerar filhos e ter vários
parceiros para solucionar o problema populacional, isso não nos torna
diferente dos outros animais", disse a usuária Superelfjunior.
Jing
Xion, da ONG chinesa de defesa de direitos femininos Media Monitor for
Women Network viu nas ideias do professor mais um exemplo de uma cultura
que prioriza homens em detrimento das mulheres.
"E
as soluções mais uma vez continuam girando em torno dos homens. Isso é
extremamente ridículo. O professor Zuoshi ignora desejos e direitos das
mulheres e as classifica como ferramentas para satisfazer as
necessidades masculinas. Basicamente, ele está defendendo a
discriminação de gênero, afirma a ativista.
Em um artigo publicado essa semana, o acadêmico defendeu seu ponto de vista, dizendo que leis e morais podem ser mudadas.
"Imoral
para mim é deixarmos que 30 milhões de homens vivam sem mulheres e sem
esperança. São esses homens que podem sair por aí cometendo estupros,
crimes e terrorismo. Isso é moral para vocês?", escreveu.
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