Por Talita Fernandes
BRASÍLIA
- A Procuradoria-Geral da República (PGR) ofereceu denúncia hoje de
três parlamentares investigados na Operação Lava Jato. A Procuradoria
encontrou indícios que comprovam o envolvimento dos deputados Arthur
Lira (PP-AL) e Aníbal Gomes (PMDB-CE), e do senador Benedito Lira
(PP-AL) no esquema responsável por desviar recursos da Petrobrás.
O
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ofereceu denúncia contra
Arthur e Benedito pela prática de crimes de corrupção e lavagem de
dinheiro. Já Aníbal Gomes é acusado de ter falsificado informações na
prestação de contas das eleições de 2014. Os três são alvos de
inquéritos abertos em março no Supremo Tribunal Federal (STF). Gomes é
investigado no mesmo processo do qual é alvo o presidente do Senado,
Renan Calheiros (PMDB-AL), contudo, as investigações do presidente do
Senado foram prorrogadas hoje por mais 60 dias, por decisão do ministro
Teori Zavascki, relator da Lava Jato no Tribunal.
No início
da semana, a Polícia Federal havia encaminhado um relatório que
apontava indícios da prática de crimes envolvendo Arthur e Benedito, que
são filho e pai, e investigados nos mesmos inquéritos. O deputado é
presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos
Deputados, onde passam todos os projetos que tramitam na Casa.
Embora
a PF tenha encaminhado ao Supremo um pedido de afastamento dos dois
políticos do mandato de parlamentar, tal solicitação não consta na
denúncia. A PF acredita que os dois parlamentares possam estar usando o
cargo para se livrarem das investigações e, por isso, pediu que deixem o
mandato. Os dois políticos são acusados de receber vantagens ilícitas
de obras realizadas pela Petrobrás por meio de doações oficiais e de
pagamento de dívidas eleitorais e tiveram seus nomes citados pelos
delatores do esquema responsável por desviar recursos da Petrobrás.
Os
parlamentares foram citados por três delatores da Lava Jato: o doleiro
Alberto Youssef, o ex-diretor da Petrobrás Paulo Roberto Costa e o
empreiteiro Ricardo Pessoa, dono da UTC. De acordo com Youssef, Arthur
Lira teve uma dívida de R$ 200 mil paga pelo esquema. A denúncia ainda
permanece em sigilo por conter trechos da delação de Ricardo Pessoa, que
ainda permanece sob sigilo no Supremo.
Já Aníbal Gomes foi
denunciado por ter falsificado documentos e informações referentes a sua
prestação de contas à Justiça Eleitoral. Embora o parlamentar tenha
indicado que doou de seu próprio bolso R$ 207,4 mil para sua campanha,
ao prestar depoimento a investigadores da Lava Jato, ele disse que,
deste montante, R$ 100 mil eram provenientes de doações feitas por
“amigos e parentes”. A Procuradoria apresentou a acusação com base nos
artigos 350 e 353, previstos no Código Eleitoral.
Para que os três
parlamentares se tornem réus e passem a responder a uma ação penal no
STF é preciso ainda que sejam realizadas oitivas das testemunhas e das
partes envolvidas e ainda que o pedido seja analisado e aceito pelos
ministros da Segunda Turma da Corte. O Supremo deverá analisar ainda
outras denúncias já oferecidas pela PGR. Entre os investigados na Lava
Jato, já foram denunciados: o presidente da Câmara, Eduardo Cunha
(PMDB-RJ), o senador e ex-presidente Fernando Collor (PTB-AL) e a
ex-deputada federal e prefeita de Rio Bonito Solange de Almeida
(PMDB-RJ). Além desses, foram denunciados o ex-ministro de Collor Pedro
Paulo Leoni, além de dois assessores do senador e ex-presidente
Cleverton Melo da Costa e Fernando Antônio da Silva Tiago; e Luis
Pereira Duarte de Amorim, da TV Gazeta de AL, que também é ligado a
Collor.
Procurado, o advogado de Arthur Lira, Pierpaolo Bottini,
disse que a denúncia apresenta “dados equivocados e tal equívoco será
demonstrado ao STF por meio de documentos”. Além disso, a defesa
esclarece que a campanha do deputado foi realizada “com recursos lícitos
e isso está demonstrado na própria investigação”. A defesa dos demais
denunciados não respondeu imediatamente à solicitação da reportagem.
Em
nota, a assessoria do senador Benedito de Lira afirmou que “tem
consciência de que doação de campanha não é crime, pois sempre esteve
prevista na legislação eleitoral”. O parlamentar reiterou ainda que
“nunca teve envolvimento com mal feitos e aguarda serenamente a decisão
no Supremo Tribunal Federal”, diz a nota. A defesa dos demais
denunciados não respondeu imediatamente à solicitação da reportagem.
Nenhum comentário:
Postar um comentário