O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva concede entrevista coletiva sobre a denúncia do Ministério Público Federal © Foto: Fotoarena/ Ag. O Globo O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva concede entrevista coletiva sobre a denúncia do Ministério Público Federal 
 
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quinta-feira, 15, que se provarem alguma acusação de corrupção, ele irá a pé ser preso. O petista foi denunciado pela Operação Lava Jato por corrupção e lavagem de dinheiro na quarta-feira, 14.

“Provem uma corrução minha que eu irei a pé para ser preso”, disse Lula, chorando, em reunião no PT.
“Uma coisa que eles têm que aprender é que não estão habituados ao fato de que conquistei o direito de andar de cabeça erguida nesse País.”


O petista sugeriu aos procuradores que o denunciaram que ‘peçam desculpas’ a ele.

A Procuradoria da República, no Paraná, denunciou o petista, sua mulher Marisa Letícia e mais seis investigados por corrupção e lavagem de dinheiro na Lava Jato. Para o Ministério Público Federal, o ex-presidente é o ‘comandante máximo do esquema de corrupção’ instalado na Petrobrás.

As acusações se referem ao recebimento de vantagens ilícitas da OAS por meio da reforma do triplex 164-A, no Guarujá (SP), e o armazenamento de bens do acervo presidencial. Segundo a denúncia, Lula recebeu R$ 3,7 milhões de propina da empreiteira.

Parte do valor está relacionada ao apartamento: R$ 1,1 milhão para a aquisição do imóvel, R$ 926 mil em reformas, R$ 342 mil para cozinha e imóveis, além de R$ 8 mil para eletrodomésticos. O armazenamento dos bens custou R$ 1,3 milhão.

A força-tarefa da Operação Lava Jato requereu o bloqueio de R$ 87 milhões dos denunciados na ação penal.

No pronunciamento, Lula afirmou que foi ‘vítima de um momento de indignação’ quando foi denunciado. O petista falou por mais de 1 hora.

“Sinceramente, eu nunca pensei passar por isso. Nunca”, declarou.

“Porque as pessoas prometeram tanto, falaram tanto, achincalharam tanto, divulgaram tanto, escreveram tanto, que eu falei: puxa vida, esses caras devem ter um homônimo, alguém que não seja o Lula, que cometeu um crime bárbaro.”

Lula disse que até pensou ’em ir pra China pra me esconder’. “Nossa, devo ter cometido um crime e esqueci.”

“E descobri que tanto os meus acusadores, quanto uma parte da imprensa brasileira estão mais enrascados, mais comprometidos do que eles pensam que eu estava. Porque eles construíram uma mentira, uma inverdade, como um enredo de uma novela e tá chegando o fim do prazo. Afinal de contas, já cassaram o (ex-deputado) Eduardo Cunha, elegeram o (Michel) Temer pela via indireta, golpe, cassaram a Dilma. Agora tem que concluir a novela, o desfecho, acabar com a vida política do Lula porque não existe outra explicação para o espetáculo de pirotecnia de ontem.”

“Não conheço os meninos (os procuradores que o acusam), só quero que sejam honestos comigo, que respeitem a dona Marisa. Não sei se eles têm família como eu tenho, mas certamente não são melhores que dona Marisa.”

O petista reagiu à Lava Jato, que o acusa de corrupção e lavagem de dinheiro no caso do triplex do Guarujá.

“Eu não tenho a vocação do Getúlio (Vargas) de me dar um tiro”, disse Lula. “Eu não tenho a vocação do Jango de sair do Brasil.”

“Portanto, se eles quiserem me tirar vão ter que disputar comigo nas urnas.”

Lula afirmou ter a ‘consciência tranquila’. “E mantenho o bom humor porque eu me conheço. Eu sei de onde eu vim, eu sei pra onde eu, eu sei quem quem me ajudou a chegar onde cheguei, sei quem quer que eu saia, sei quem quer que eu volte. Eu duvido que nesse país quem fez mais para fortalecer as instituições que defendem o Estado que eu.”

“Qualquer delegado de Polícia Federal sabe o que era a Polícia Federal quando cheguei no governo. Não só mais que dobramos como investimos muto em inteligência. Todo mundo sabe que esse país tinha um procurador-geral da República chamado engavetador-geral.”

“Eu tinha como princípio básico, errado ou não, que eu tinha a certeza que iria valorizar a instituição para garantir que não ficassem devendo favor ao presidente da República, por isso eu indiquei o primeiro (lugar nas eleições internas dos procuradores da República, em 2003) o companheiro Claudio Fontelles.”

“Tínhamos consciência de que o Estado brasileiro para ser democrático tem que ter instituição forte. E as pessoas que estão lá têm que ter responsabilidade. Quanto mais forte a instituição mais responsabilidade a pessoa tem que ter.”

“O Ministério Público quero ele cada vez mais forte, mas cada vez mais reposnsável. A Polícia Federal cada vez mais forte, mas cada vez mais responsável. Hoje vivemos um momento no Brasil que a lógica não é mais o processo, a lógica é a manchete. Quem vamor criminalizar pela manchete? Quem vamos demonizar?”