O ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e a
sua mulher, Cláudia Cruz, disseram neste domingo em entrevista ao
programa "Conexão Repórter", do SBT, não temer serem presos na
Lava-Jato. Se tiver o mandato de deputado federal cassado nesta
segunda-feira, Cunha perderá o foro privilegiado e poderá vir a ser
processado pela Justiça Federal em primeira instância.
- Não tenho esse medo - disse Cunha.
-
Não fiz nada para ser para ser presa. Esse é um medo que eu não tenho -
completou Cláudia Cruz, que participou da entrevista ao lado do marido.
A mulher do ex-presidente da Câmara dos Deputados disse se
sentir incomodada ao ser tratada como “mentirosa e fútil”, em função da
natureza dos seus gastos com cartão de crédito internacional. Ré em
processo por lavagem de dinheiro e evasão de divisas por suspeita de
usar contas que receberam propina na Suíça para custear viagens e a
compra de itens de luxo, ela reclamou ter tido a "privacidade invadida"
pelas investigações:
- Qual mulher que não faz uma compra
independentemente do valor da compra e aonde seja a compra? Não precisa
ser uma loja de luxo, pode ser em uma loja popular. Você faz a compra de
acordo com sua condição financeira. Estão me usando de bode expiatório.
Todas as mulheres da minha condição financeira fazem (compras em lojas
caras) - disse Cláudia, que citou "caráter, sinceridade e inteligência"
como as características do marido que a fizeram se apaixonar por ele.
Durante
a entrevista, Cunha minimizou a hipótese de negociar eventuais acordos
de delação premiada ou contar às autoridades o que sabe sobre corrupção
envolvendo aliados. Para ele, “só faz delação premiada quem cometeu
crime”, o que não seria seu caso.
- Tudo que eu tenho para falar eu falo normalmente, como estou falando com você, disse ao repórter que o entrevistava.
Ao
ser perguntado se já recebeu propostas de propina, Cunha disse ter
“saído” de conversas que o desagradaram, mas não entrou em detalhes.
- Insinuações você pode receber, mas você tem que saber como reagir. Já saí de conversas que não me agradaram.
Perguntado
sobre até que ponto poderia ser julgado por um Congresso cuja parte de
seus membros é tão culpada quanto ele, respondeu:
- Meu conceito da minha posição está muito mais atrelado à guerra política do que a critérios de julgamento.
Cunha
admitiu ter tido várias conversas com o presidente Michel Temer desde
quando foi afastado da presidência da Câmara dos Deputados, mas afirmou,
sorrindo, que “conversa com presidente a gente não revela, a não ser
que isso parta dele”.
Na entrevista, o deputado afastado disse não se considerar responsável pelo impeachment de Dilma Rousseff.
-
Sinto que cumpri minha obrigação, na medida em que houve uma denúncia.
Mas foram o coletivo da Câmara e do Senado Federal que decidiram afastar
a presidente - afirmou.
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