Em um gesto simbólico depois que
assumiu o cargo de presidente em exercício, Michel Temer irá ao
Congresso Nacional para defender seus projetos, principalmente a
aprovação do rombo de R$ 170,5 bilhões das contas públicas em 2016. Ele
visa demonstrar a importância do Legislativo para o êxito de seu
governo. Temer deverá fazer um discurso no qual pedirá, apenas esta vez,
a mudança da meta fiscal e não agirá como a presidente afastada Dilma
Rousseff, que encontrou dificuldade para fazer a mesma alteração quando
precisou.
A semana de Temer
começará agitada com o anúncio, nesta segunda-feira, 23, à tarde, de
mais corte de gastos e medidas para controlar a dívida pública, um dos
principais objetivos da gestão do ministro da Fazenda, Henrique
Meirelles. Neste sábado, 21, estava prevista uma reunião entre o
presidente em exercício e os titulares da Fazenda e do Planejamento,
Romero Jucá, em São Paulo, justamente para fechar as medidas que serão
publicadas na segunda-feira.
O
novo governo está correndo porque diz ter encontrado resultados piores
do que esperava nas contas do governo central, o que assustou analistas
do mercado financeiro.
Fora
isso, a crise política também afetou os indicadores e eventuais planos
de investimentos privados. Para recuperar a confiança e melhorar as
expectativas, uma boa relação com o Legislativo e aprovação do primeiro
projeto prioritário do governo interino são considerados cruciais.
A
ida ao Congresso do presidente em exercício tem como objetivo a não
paralisação da máquina pública com o chamado "shutdown". Caso o
Congresso não aprove, até o dia 30, a mudança da meta fiscal, o governo
precisará contingenciar R$ 138 bilhões para se adequar às previsões de
receitas e despesas anunciadas pela nova equipe econômica. Na avaliação
do secretário executivo do Planejamento, Dyogo Oliveira, esse
congelamento seria "inexequível, já que a base contingenciável hoje é de
apenas R$ 29 bilhões".
A
equipe econômica precisa anunciar o quanto antes as medidas de controle
de gasto, porque elas terão efeito também nas contas de 2017 e de 2018. O
governo tem de revisar a meta fiscal para os próximos dois anos e
enviar ao Congresso. As medidas em elaboração pelos novos ministros
servirão de base para essas projeções. Nesse redesenho orçamentário para
2016 e para o próximo biênio, o governo terá de mostrar o que pode
fazer para cortar despesas ou aumentar receitas e, assim, começar a
trazer de volta as contas para o azul.
Segundo
o relatório divulgado na sexta-feira pelo Planejamento e pela Fazenda,
há uma queda de R$ 107,8 bilhões nas receitas estimadas para 2016 ante
as previsões da equipe anterior.
Neste
sábado, Jucá disse que o rombo maior do que o previsto é para que o
governo tenha "efetivamente a condição de voltar a implementar políticas
públicas para atender à sociedade". A meta vigente é de um superávit de
R$ 24 bilhões para o governo central.
Ministros
empossados por Temer se depararam com cofres vazios em suas pastas. A
Receita Federal não tem recursos nem para o pagamento de contratos de
informática. Meirelles avaliou que a alteração da meta fiscal
possibilitará, além da reversão desse quadro, o pagamento de despesas
atrasadas, dívidas com organismo internacionais e investimentos da
defesa, outros itens.
Estadão Conteúdo
Nenhum comentário:
Postar um comentário