É comum que o marco de 100 dias
de um governo seja tema de reportagens que escrutinam os erros e acertos
do presidente da República no período. Mas a gestão interina de Michel
Temer não dispõe de tanto tempo para mostrar a que veio. E é por isso
que o site de VEJA preparou um balanço dos dez dias em que o
peemedebista está à frente do Palácio do Planalto, completados neste
domingo. Desde a confirmação do afastamento da presidente Dilma
Rousseff, Temer e sua equipe têm caído em cascas de banana muitas vezes
colocadas no caminho pelo próprio partido ou membros do governo. O
interino e seus ministros também demonstraram falta de sintonia em
declarações públicas - e se tornaram alvo de reclamações em decorrência
da formatação da equipe ministerial.
Na
terça-feira, o ministro Geddel Vieira Lima (Governo), fiel aliado de
Temer e um dos mais requisitados por parlamentares ávidos por cargos,
escancarou que Temer havia ficado descontente com as declarações de
ministros e determinado que apenas os titulares da área econômica
falassem sobre as ações em planejamento. Geddel pediu "calma e e
paciência" com Temer e alegou que o governo era recente e não teve
período de transição. "Determinadas declarações estão indo para a
opinião pública de uma forma que em vez de contribuir estão criando
dificuldades", disse.
Nada
indica que Temer terá um governo tranquilo pela frente - e nem tanto
tempo para se planejar. Terá de lidar com a ameaça constante da Operação
Lava Jato, inclusive sobre o PMDB, o risco de crescimento do desemprego
até a alarmante taxa de 14% e a oposição de partidos com capacidade de
mobilização social como PT e PCdoB. Além disso, lida com uma série de
"bombas" orçamentárias deixadas pelo governo Dilma Rousseff. O argumento
de que o governo teve pouco tempo para ser organizar e decidir é, no
mínimo, pouco crível. Desde o fim do ano passado, quando percebeu a
fragilidade de Dilma ante o avanço do impeachment, Temer fez o PMDB
lançar um programa de governo fora do período eleitoral - algo atípico
-, posicionou-se como preparado para assumir o cargo e passou a
articular forças políticas e no mercado a seu favor. Agora, será cobrado
pelo que prometeu.
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