O presidente da
Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), forneceu o nome da mãe como
contrassenha a ser usada em consultas ao banco suíço Julius Baer. A
informação consta dos documentos de abertura da conta Triumph-SP, uma
das quatro atribuídas ao deputado pela Procuradoria-Geral da República.
Para investigadores envolvidos no caso, trata-se de mais um indicativo
de que os recursos no exterior eram diretamente controlados pelo
peemedebista.
Entre os procedimentos de segurança, o banco
exige que o cliente responda a uma pergunta secreta, definida no momento
da criação da conta. Ela serve para acessar o serviço de helpdesk
(suporte técnico).
A questão escolhida na abertura da Triumph-SP
foi “O nome de minha mãe”. A resposta a ser dada, preenchida numa das
fichas de abertura, era “Elza”. O deputado é filho de Elza Cosentino da
Cunha.
Para os investigadores, o uso de informações pessoais
para acessar a conta enfraquece os argumentos de Cunha, que desde a
semana passada afirma não ter ingerência sobre os valores nela
depositados.
Em entrevista ao Estado,
publicada no sábado passado, o presidente da Câmara afirmou ter
repassado recursos de seus negócios no exterior, entre eles a venda de
carne enlatada na África, para agentes fiduciários, os quais seriam os
responsáveis pela administração dos ativos.
A Triumph-SP seria uma
conta de truste, ou seja, uma conta de “confiança”, gerida por
terceiros com autorização do deputado. “Contratei o truste, os ativos
passaram para o truste, para sua gestão. Sou o beneficiário em vida,
como se eu fosse ‘usufrutuário’ do bem”, disse Cunha.
Conselho de Ética
As
alegações do presidente da Câmara dos Deputados vão ser entregues ao
Conselho de Ética da Casa, que abriu processo para avaliar se ele
mentiu, em março deste ano, ao afirmar perante a CPI da Petrobrás que
não tinha contas no exterior.
A defesa foi considerada
“inconsistente” e “desastrosa” pela oposição. Em reação às explicações, a
bancada do PSDB na Casa anunciou nesta quarta-feira, 11, o rompimento
com deputado, após hesitar por várias semanas sobre qual posição
assumir.
O Ministério Público da Suíça contesta a versão do
presidente da Câmara, argumentando que há provas de que ele é o
responsável pelas contas e que os depósitos têm origem ilícita. Para as
autoridades daquele país, há ainda indícios de lavagem de dinheiro nas
operações financeiras.
A Triumph-SP, aberta em 2007 em Genebra,
foi encerrada em maio do ano passado, dois meses após a deflagração da
Operação Lava Jato, com a transferência de US$ 246 mil para outra conta.
Questionado,
o presidente da Câmara afirmou que não reconhece o documento citado
pela reportagem. “Não tem qualquer assinatura minha. E não sei o que se
trata”, disse o deputado ao Estado.
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