A 27ª fase da Operação Lava Jato,
deflagrada nesta sexta-feira, 1, atinge indiretamente o ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva. Preso temporariamente como alvos centrais da
Operação Carbono 14, o empresário Ronan Maria Pinto e o
ex-secretário-geral do PT Silvio Pereira são peças centrais de uma
suposta "operação abafa" iniciada em 2004, segundo suspeitas de
investigadores. O objetivo seria evitar a divulgação de escândalos de
corrupção envolvendo o partido.
Em seu termo de delação premiada 7, o ex-líder do governo no Senado Delcídio Amaral (ex-PT/MS) declarou que "o empréstimo tomado por José Carlos Bumlai junto ao banco Schahin, no valor de R$ 12 milhões, foi destinado ao pagamento de chantagens efetuadas por empresário de nome Ronan contra a cúpula do PT, a partir do Município de Santo André/SP".
Em seu termo de delação premiada 7, o ex-líder do governo no Senado Delcídio Amaral (ex-PT/MS) declarou que "o empréstimo tomado por José Carlos Bumlai junto ao banco Schahin, no valor de R$ 12 milhões, foi destinado ao pagamento de chantagens efetuadas por empresário de nome Ronan contra a cúpula do PT, a partir do Município de Santo André/SP".
"Durante
as investigações da Operação Lava Jato, constatou-se que Jose Carlos
Bumlai contraiu um empréstimo fraudulento junto ao Banco Schahin em
outubro de 2004 no montante de R$ 12 milhões. O mútuo, na realidade,
tinha por finalidade a "quitação" de dívidas do Partido dos
Trabalhadores (PT) e foi pago por intermédio da contratação fraudulenta
da Schahin como operadora do navio-sonda Vitória 10.000, pela Petrobras,
em 2009, ao custo de US$ 1,6 bilhão. Esses fatos já haviam sido objeto
de acusação formal, sendo agora foco de uma nova frente investigatória",
informa o Ministério Público Federal.
A
operação foi realizada pelo pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do
ex-presidente Lula preso desde novembro do ano passado, com ajuda do
Grupo Bertin. Em depoimento, ele admitiu que realizou o falso empréstimo
para atender pedido do PT e citou o nome de Silvio Pereira. Dos R$ 12
milhões, R$ 6 milhões foram para Ronan, que comprou o jornal Diário do
Grande ABC.
Segundo Delcídio, Bumlai
"se colocou à disposição quando quando Lula assumiu a Presidência da
República, tendo passado a solucionar problemas os mais variados".
"Para
fazer os recursos chegarem ao destinatário final, foi arquitetado um
esquema de lavagem de capitais, envolvendo Ronan, pessoas ligadas ao
Partido dos Trabalhadores e terceiros envolvidos na operacionalização da
lavagem do dinheiro proveniente do crime contra o sistema financeiro
nacional", informa a Lava Jato.
Segundo os
procuradores, "há evidências de que este empresário carioca realizou
transferências diretas para a Expresso Nova Santo André, empresa de
ônibus controlada por Ronan Maria Pinto, além de outras pessoas físicas e
jurídicas indicadas pelo empresário para recebimento de valores. Dentre
as pessoas indicadas para recebimento dos valores por Ronan, estava o
então acionista controlador do Jornal Diário do Grande ABC, que
recebeu R$ 210.000 em 9/11/2004."
"Na época,
o controle acionário do periódico estava sendo vendido a Ronan Maria
Pinto em parcelas de R$ 210.000. Suspeita-se que uma parte das ações foi
adquirida com o dinheiro proveniente do Banco Schahin. Uma das
estratégias usadas para conferir aparência legítima às transferências
espúrias dos valores foi a realização de um contrato de mútuo simulado, o
qual havia sido apreendido em fase anterior da Operação Lava Jato.
"O
suposto envolvimento de Lula em outras operações de compra de silêncio
foram citadas na Lava Jato. Uma delas envolvendo o repasse de quase R$ 6
milhões via Youssef para uma agência de publicidade, a Muranno Brasil
Marketing, que em 2010 estaria ameaçando revelar a corrupção na
Petrobrás.O ex-presidente Lula nega, por meio de assessoria,
envolvimento em ilíticos.
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