Na contramão do discurso
público de que já não é responsável pela continuidade do processo de
impeachment presidencial, Eduardo Cunha (PMDB- RJ) tem participado de
maneira decisiva em todos os detalhes do caso, articulando nos
bastidores com deputados de vários partidos.
Réu no Supremo
Tribunal Federal sob acusação de integrar o petrolão, Cunha é indicado
por políticos como um dos principais articuladores da tentativa de
encurtar o mandato de Dilma.
A Folha de São Paulo conversou com
deputados para entender melhor esta articulação e acompanhar o passo a
passo do processo de impeacment.
De acordo com a reportagem, na
noite em que os grampos da ligação ente Dilma e Lula vieram à tona,
houve uma reunião na a residência de Eduardo Cunha para a escolha dos
nomes de Rogério Rosso (PSD-DF) para a presidência da Comissão Especial
do impeachment e de Jovair Arantes (PTB-GO) para a relatoria.
Com o
apoio de Cunha, os nomes de Rosso e Jovair viraram um consenso. Assim, o
líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), acabou encampando a
proposta, ao perceber que o Planalto não emplacaria alguém do PT ou do
PMDB à favor do governo.
A proposta gerou bate-boca quando apresentada aos líderes governistas, na quinta feira (17).
De
acordo com a reportagem, duas versões bastante divergentes surgiram, a
partir do depoimento dos deputados com algumas variações. Em público,
todos os envolvidos negam qualquer espécie de acordo ou direcionamento
prévio do relatório.
A primeira, a de que houve acerto de bastidor
entre Cunha, oposição, Rosso e Jovair para apresentar relatório pelo
impeachment de Dilma, com promessa de empenho futuro para salvar o
mandato de Cunha.
A segunda, o contrário: de um acordo de bastidor
entre Cunha, o governo, Rosso e Jovair para um relatório pró-Dilma,
igualmente com promessa de auxílio posterior para livrar Cunha da
cassação. Nesse caso, com a oposição sendo passada para trás.
De
acordo com os relatos, o presidente da câmara pretende marcar a votação
final do impeachment para um domingo, possivelmente 17 de abril, com o
objetivo de conciliar a votação com pressão das ruas.
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