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Eduardo Cunha aceitou pedido de impeachment em dezembro
A crise
política brasileira continua atraindo as atenções da imprensa
internacional. Nesta segunda-feira, o jornal americanoLos Angeles Times
divulgou um levantamento feito pela ONG Transparência
Brasil sobre os políticos que estão incumbidos de analisar o pedido de
impeachment da presidente Dilma Rousseff.
No
título da reportagem, a publicação diz: "Os políticos que votam o
impeachment da presidente do Brasil são acusados de mais corrupção do
que ela".
Ao longo do texto, o
jornal cita números pesquisados pela ONG sobre os integrantes da
Comissão Especial do Impeachment, formada na Câmara para emitir um
parecer sobre o pedido de afastamento da petista, e o Congresso como um
todo.
Segundo a Transparência
Brasil, dos 65 membros da comissão – formada por deputados de partidos
que apoiam o governo, da oposição e dos chamados independentes –, 37
enfrentam acusações de corrupção ou outros "crimes graves", conforme
cita a publicação americana.
"Cinco
membros da comissão são acusados de lavagem de dinheiro, outros 6 de
conspiração e 19 são investigados por irregularidades nas contas; 33 são
acusados ou de corrupção ou de improbidade administrativa; ao todo, 37
membros foram acusados, alguns deles de crimes múltiplos", afirma.
O LA Times
destaca ainda a presença, no colegiado, de Paulo Maluf
(PP-SP), ex-prefeito de São Paulo, afirmando que ele é "procurado pela
Interpol e que um tribunal de Paris recentemente o condenou à revelia
por lavagem de dinheiro e crime organizado". O parlamentar nega a
prática de crimes.
Dentre os
513 deputados da Câmara, segundo a Transparência Brasil, 303 são
investigados por algum crime. No Senado, o número também ultrapassa os
50%: 49 dos 81 senadores estão envolvidos em investigações.
O Los Angeles Times
pondera que os dados fornecidos pela ONG ainda não
incluem as informações mais recentes da 26ª fase da Operação Lava Jato,
deflagrada na semana passada, e que tem como alvo executivos da
Odebrecht e doleiros.
Uma
lista da construtora citando mais de 200 políticos de diversos partidos
que teriam recebido doações da empresa foi divulgada pela Polícia
Federal – e depois colocada sob sigilo pelo juiz federal Sergio Moro –,
mas ainda não há confirmação sobre a legalidade ou não desses repasses.
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"Os políticos que votam o impeachment da presidente do Brasil são
acusados de mais corrupção do que ela", diz publicação dos EUA
"Dilma Rousseff, por sua vez,
nunca foi investigada oficialmente ou acusada de corrupção, apesar de
ela ter uma impopularidade gigantesca atualmente e ser considerada
culpada pela recessão profunda em que o país se encontra", afirma o
jornal americano.
"Ela era
chefe do conselho administrativo da Petrobras quando a empresa esteve
envolvida no esquema de pagamento de propina que tem sido desvendado
pela Operação Lava Jato. Mas, para tirá-la do poder, os deputados estão
se valendo da acusação sobre a manobra orçamentária ("pedaladas
fiscais") para esconder o tamanho do deficit do país, e eles garantem
que essa é uma ofensa passível de impeachment."
O
jornal ainda menciona as investigações contra o vice-presidente Michel
Temer (PMDB), que seria o sucessor de Dilma em caso de impeachment.
"Michel Temer é suspeito, em investigações da Lava Jato, de estar
envolvido em um esquema de compra ilegal de etanol", afirmou, em
referência à delação do senador Delcídio do Amaral.
O peemedebista nega a prática de crimes.
Principal oponente da presidente na última eleição e
líder da oposição, Aécio Neves (PSDB) é "investigado pela Lava Jato",
afirma oLA Times . A publicação cita
documentos obtidos durante as apurações que indicariam que a família de
Aécio manteria conta bancária secreta em Liechtenstein, também
mencionada por Delcídio.
Aécio nega irregularidades. Até o momento, ele e Temer não são oficialmente investigados pela Lava Jato.
A
Comissão Especial do Impeachment aguarda a defesa da presidente Dilma
Rousseff sobre as acusações. A partir daí, o colegiado votará e emitirá
um parecer que será levado a plenário – o que o presidente da Casa,
Eduardo Cunha (PMDB-RJ), planeja fazer no próximo dia 17, um domingo.
A
abertura do processo de impeachment precisa de aprovação de dois terços
dos deputados antes de ir ao Senado. A presidente só será afastada caso
a maioria simples dos senadores também dê aval à decisão da Câmara.
Caso isso ocorra, ela ficará afastada por até 180 dias à espera do
julgamento final pela Casa.
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