Um incêndio na noite desta quinta-feira atingiu o escritório de Meire Poza,
ex-contadora do doleiro Alberto Youssef, no bairro do Itaim Bibi, em
São Paulo. Peça central no quebra-cabeças da Operação Lava Jato, Meire
foi responsável por detalhar a VEJA,
com exclusividade, a contabilidade paralela do principal operador do
mega esquema de corrupção instalado na Petrobras. Ela sofreu pressões ao
longo das investigações e tentativas claras de intimidação de
empreiteiros investigados na Lava Jato.
Ao
site de VEJA, a contadora disse acreditar que o incêndio pode ter sido
"vingança" por ela ter apresentado documentos cabais contra corruptos e
corruptores que atuaram no escândalo do petrolão. Em junho de 2014, por
exemplo, ela entregou o contrato de mútuo (tipo de empréstimo) com os
detalhes do repasse de cerca de 6 milhões de reais ao empresário Ronan
Maria Pinto. Pinto foi preso nesta sexta-feira na 27ª fase da Operação
Lava Jato.
"O
incêndio foi ontem à noite e eu soube hoje de manhã. Está tudo
interditado. Não sei dizer se foi criminoso, mas se for pensar pelo lado
da vingança, pensaria que, sim, é possível que tenha sido vingança",
disse ela ao site de VEJA.
Conforme
revelou VEJA em 2012, o publicitário e operador do mensalão Marcos
Valério revelou em depoimento à Procuradoria-Geral da República que
Ronan Maria Pinto, um empresário ligado ao antigo prefeito, estava
chantageando o secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, para
não envolver seu nome e o do ex-presidente Lula na morte do ex-prefeito
de Santo André (SP) Celso Daniel, em 2002. Segundo os investigadores da
Operação Lava Jato, pelo menos metade do empréstimo fictício contraído
junto ao Banco Schahin acabou desaguando nos bolsos de Ronan.
Para
a viabilização do esquema de pagamentos do empréstimo forjado ao PT, o
dinheiro saiu de José Carlos Bumlai para o Frigorifico Bertin, que, por
sua vez, repassou cerca de 6 milhões de reais a um empresário do Rio de
Janeiro. Na sequência, ele fez transferências diretas para a Expresso
Nova Santo André, empresa de ônibus controlada por Ronan Maria Pinto.
Outras pessoas físicas e jurídicas indicadas pelo empresário para
recebimento de valores, como o jornal Diário do Grande ABC, também foram usados para camuflar a transação.
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