Silvio Pereira Chega a Curitiba. Foto: Rodrigo Felix Leal/Futura Press
O
empresário Ronan Maria Pinto, dono do jornal Diário do Grande ABC e de
empresa de transporte público, e o ex-secretário-geral do PT Silvio
Pereira chegaram a Curitiba, sede da Operação Lava Jato, na tarde desta
sexta-feira, 1. Os dois alvos da Carbono 14 - 27ª fase das apurações -
passaram por exame de corpo de delito, no Instituto Médio Legal e foram
levados para a carceragem da Polícia Federal.Os dois estão presos
temporariamente (por cinco dias) por ordem do juiz federal Sérgio Moro,
que conduz os processos da Lava Jato, em Curitiba. Os dois são acusados
pela força-tarefa da Procuradoria pelo desvio e lavagem de R$ 6 milhões,
em 2004.Ronan Maria Pinto e Silvio Pereira serão ouvidos somente na
próxima semana pela Polícia Federal, antes que vença o prazo da prisão
temporária. Os outros dois alvos da Carbono 14, o ex-tesoureiro do PT
Delúbio Soares e o jornalista Breno Altman, ligado ao ex-ministro José
Dirceu, foram conduzidos para depor e liberados em seguida.O advogado de
Delúbio Soares não foi localizado. O espaço está aberto para a defesa
do ex-tesoureiro do PT se manifestar.COM A PALAVRA, A DEFESA DE SILVIO PEREIRAA
advogada Mariângela Tomé, que defende Silvio Pereira, afirmou: a defesa
não vai se manifestar, pois não tomou conhecimento do caso.COM A PALAVRA, RONAN MARIA PINTONota
- Esclarecimentos - Ronan Maria PintoSobre a Fase da Operação Lava
JatoNota Ronan Maria PintoHá meses reafirmamos que o empresário Ronan
Maria Pinto sempre esteve à disposição das autoridades de forma a
esclarecer com total tranquilidade e isenção as dúvidas e as
investigações do âmbito da Operação Lava Jato, assim como a citação
indevida de seu nome. Inclusive ampla e abertamente oferecendo-se de
forma espontânea para prestar as informações que necessitassem.Mais uma
vez o empresário reafirmará não ter relação com os fatos mencionados e
estar sendo vítima de uma situação que com certeza agora poderá ser
esclarecida de uma vez por todas.Solicitamos à imprensa atenção a essa
nota e mais seriedade e sobriedade na apresentação do empresário, assim
como nas informações e afirmações que vêm sendo feitas e divulgadas.
Todas as denúncias que o envolveram ao longo dos anos foram ou estão
sendo investigadas e Ronan Maria Pinto vem sendo defendido e absolvido. A
mais recente, uma sentença de primeira instância, onde houve
condenação, encontra-se em grau de recurso.Essas são as
informações.Aguardamos mais detalhes sobre a totalidade da
Operação.Cordialmente,Assessoria de ImprensaCOM A PALAVRA, BRENO ALTMANFui
surpreendido, na manhã de hoje, com a notícia de que a Policia Federal
havia comparecido à minha casa, em São Paulo, com um mandado de condução
coercitiva e outro de busca e apreensão.Tinha viajado a Brasília para
participar de atividades da Jornada Nacional pela Democracia, que ontem
reuniu duzentas mil pessoas apenas na capital do país.Atendendo a
orientação dos próprios agentes federais, compareci à sede brasiliense
da instituição. Meu depoimento foi tomado durante cerca de uma hora, em
clima cordial e respeitoso.Minhas declarações sobre a investigação em
curso, no entanto, poderiam ter sido tomadas através de intimação
regular, com data e horário determinados pelas autoridades. O fato é que
jamais tinha recebido qualquer convocação prévia para depor.Aliás,
assim foi procedido com demais depoentes do inquérito que envolve meu
nome: nenhum deles tinha sido levado a depor sob vara, até esta
sexta-feira, respeitando norma legal que estabelece coerção somente para
quem foge de comparecer a atos judiciais ou oferece risco à ordem
pública.Só posso reagir com indignação ao regime de exceção que o juiz
Sérgio Moro resolveu estabelecer para alguns dos intimados da chamada
Operação Carbono 14.Infelizmente não é novidade. O atropelo de garantias
constitucionais é a prática predominante do magistrado Sérgio Moro e de
procuradores que atuam em sua corte.Desde a condução coercitiva do
ex-presidente Lula, tem ficado mais claro aos brasileiros que a Lava
Jato faz da intimidação, do espetáculo e do arbítrio suas principais
ferramentas de intervenção.Sob a bandeira de combate à corrupção,
trata-se de investigação seletiva e contaminada, cujo objetivo
derradeiro é a derrocada do governo da Presidenta Dilma Rousseff, a
interdição do ex-presidente Lula e a criminalização do Partido dos
Trabalhadores.Depois das multitudinárias concentrações de ontem e da
revogação de decisões arbitrárias do juiz Moro pelo Supremo Tribunal
Federal, era de se esperar que a República de Curitiba revidasse. Seu
papel principal, afinal, é fabricar fatos que alimentem os meios de
comunicação alinhados à oposição de direita.Sou apenas mais um dos alvos
deste tornado antidemocrático.Não foi apresentada, durante o
interrogatório, qualquer prova ou indício de meu eventual envolvimento
no caso investigado, de suposto empréstimo ao empresário Ronan Maria
Pinto.A falta de solidez na inquirição também se revela, por exemplo,
pelas perguntas que diziam respeito às atividades de antiga editora da
minha propriedade, fechada há quase vinte anos, com indagações até sobre
o tipo de livros que publicávamos, e à doação eleitoral de dois mil
reais que fiz, em 2006, a Renato Cinco, então candidato a deputado
estadual pelo PSOL do Rio de Janeiro.O que importava, afinal, era a
criação de fato político que realimentasse tanto a Operação Lava Jato
quanto a ofensiva por um golpe parlamentar contra a presidente da
República.Apesar de ultrajado em meus direitos de cidadão, continuarei à
disposição da Justiça e confiante que, mais cedo ou mais tarde,
retornaremos à plena vigência do Estado de Direito.Mas minha situação
pessoal é de pouca relevância. Como jornalista e militante das causas
populares, tenho a obrigação de denunciar o esculacho ao qual nossa
Constituição e nossas leis têm sido submetidas.Também é meu dever, ao
lado de milhares e milhares de outros lutadores, continuar nas ruas
contra a escalada golpista da qual faz parte a Operação Lava Jato.Estou
orientando meus advogados a entrarem com uma ação no Conselho Nacional
de Justiça contra o juiz Sergio Moro, pela ilegalidade de minha condução
coercitiva, em decisão prenhe de ilações e especulações.O Brasil não
pode aceitar que um estado policial se desenvolva nas entranhas de
nossas instituições democráticas.
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