O juiz federal Sergio Moro, que
conduz os processos da Operação Lava Jato em primeira instância em
Curitiba, autorizou nesta segunda-feira a internação do ex-ministro José
Dirceu para uma bateria de exames. Preso desde agosto de 2015 na Lava
Jato, o petista havia enviado a Moro,
na quinta-feira passada, um pedido para ir até o hospital Santa Cruz,
na capital paranaense, e lá ser submetido aos procedimentos médicos.
Os
advogados de Dirceu informaram a Moro que seu cliente, preso no
Complexo Médico Penal de Pinhais, região metropolitana de Curitiba, vem
sofrendo há mais de 20 dias com uma dor de cabeça "intermitente,
lancinante e sem fator de melhora ou piora", conforme atestado médico
assinado pelo médico de Dirceu, Job José da Natividade Neto, anexado ao
pedido. De acordo com o atestado, não é possível "descartar a
possibilidade de hematoma extra axial", um tipo de lesão intracraniana.
No
despacho de hoje, o magistrado escreveu que "havendo recomendação
médica, não cabe a este Juízo valorar a pertinência ou não da realização
dos exames", mas observou que devido ao "limitado recurso humano" da
Polícia Federal para fazer escoltas, "o ideal é que o custodiado, uma
vez no ambiente hospital, realize uma bateria de exames destinada a
aferir a causa e a real gravidade da sua situação de saúde".
Além
das dores de cabeça "lancinantes", o médico de Dirceu atestou que o
petista tem hipertensão arterial de difícil controle,
hipercolesterolemia (aumento de colesterol no sangue) e distúrbio de
ansiedade. O ex-ministro da Casa Civil tem sido medicado com substâncias
controladas e recentemente foi examinado por Natividade Neto na cadeia.
Apesar
do pedido encaminhado na semana passada, a família de Dirceu ainda não
tem uma data para a internação. Segundo a petição encaminhada a Moro,
"os familiares do peticionário estão tentando agendar, juntamente com a
seguradora de saúde, uma data no Hospital Santa Cruz, nesta Capital, a
fim de que sejam realizados todos os exames necessários ao bom estado de
saúde de José Dirceu". Para Moro, "havendo necessidade de internamento
provisório respaldado por relatório médico, fica desde logo autorizado,
sob escolta".
Dirceu na Lava Jato -
Réu pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e organização
criminosa, Dirceu atuava em um dos núcleos do esquema de corrupção na
Petrobras para arrecadar propina de empreiteiras por meio de contratos
simulados de consultoria com a empresa dele, a JD Consultoria e
Assessoria. Os indícios nas investigações apontam que o petista recebeu
11,8 milhões de reais em dinheiro sujo, tendo lavado parte dos recursos
não só em serviços fictícios de consultoria, mas também na compra e
reforma de imóveis para familiares e na simulação de aluguéis de
jatinhos.
De acordo com as
investigações, o esquema do ex-chefe da Casa Civil na Lava Jato
movimentou cerca de 60 milhões de reais em corrupção e 64 milhões de
reais em lavagem de dinheiro. Ao todo, o MP calcula que houve 129 atos
de corrupção ativa e 31 atos de corrupção passiva entre 2004 e 2011,
além de 684 atos de lavagem de dinheiro entre 2005 e 2014.
O ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu,
durante audiência que ouve os presos da operação Lava Jato na CPI da
Petrobras, no prédio da Justiça Federal do Paraná, em Curitiba, na manhã
desta segunda-feira (31)
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