“Acho que existe foco equivocado na minha pessoa, que não acho muito positivo. Há uma certa personificação”, disse o juiz, em evento que reuniu 300 estudantes nos EUA e foi organizada pela Associação de Estudantes Brasileiros (Brasa, na sigla em inglês). Além de falar sobre o rótulo de ‘herói nacional’ e defender as manifestações populares contrárias à corrupção, Moro também falou sobre o impacto político de seus atos.
Para o juiz, “é importante não confundir Justiça com política”, negando que episódios como a liberação dos grampos telefônicos envolvendo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a presidente Dilma Rousseff (ambos do PT) tenham sido norteada por influências fora do âmbito jurídico e legal – sobre este fato específico, ele preferiu não tecer comentários além dos que já são conhecidos.
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De olho em “longas férias” após a Lava Jato, Moro pontuou ainda que “foro privilegiado não é sinônimo de impunidade”, ao defender que já condenou três ex-parlamentares, além de funcionários da Petrobras e empresários, e deu a entender que nem sempre as críticas ao seu trabalho seriam justas. “Até vejo críticas ao meu trabalho, mas não sou um juiz investigador, não dirijo as investigações”, comentou.
Apesar de novos fatos terem vindo ao conhecimento público, o episódio dos grampos telefônicos de Lula e Dilma e a condução coercitiva do ex-presidente na Lava Jato continuam gerando opiniões e críticas.
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Fora das redes sociais, novas crítica surgiram. Em entrevista publicada pelo UOL neste sábado (9), o ex-procurador-geral da República, Roberto Gurgel, afirmou que Moro “cometeu um erro grave” ao liberar os grampos. Segundo ele, a condução da Lava Jato tem sido “extremamente elogiável”, mas “sujeita a erros e equívocos”.
“Não consigo vislumbrar utilidade ou finalidade processual naquela divulgação. Qual a utilidade e qual a finalidade de se fazer aquela divulgação para aquela investigação em curso? Não vejo. E se não houve utilidade, não houve finalidade, a meu ver, essa divulgação não poderia ter acontecido e acho insuficiente o argumento de que a população teria o direito de saber quem são os seus governantes. Claro que a população tem o direito de saber quem são e o que fazem os seus governantes, mas o Judiciário não tem essa função de proporcionar acesso a conversações protegidas pelo sigilo”.Gurgel assumiu a PGR em 2005, logo após o início da ação penal 470, que tratava do escândalo do mensalão. Passados 11 anos, ele não se diz surpreso com o fato personagens daquele momento terem sido implicados também na Lava Jato, e revelou que “sempre causou perplexidade o fato de o presidente (Lula) não ter conhecimento daquilo”.
Em prol da Lava Jato, Gurgel afirmou ainda acreditar que, mesmo com uma troca de governo, a operação deve prosseguir sem influência política.
“Acho que as instituições do Estado brasileiro, o Ministério Público, a magistratura, já atingiram um certo nível de amadurecimento tal que a Lava Jato aconteceria em qualquer governo. Ela realmente aconteceria seja num governo do PSDB, ou outro (...). Eu diria que é praticamente impossível evitar a continuidade e prosseguimento de investigações como a Lava Jato”.
Governo espera ‘novas revelações’ de Moro
Na semana em que, tanto a comissão quanto o plenário da Câmara, devem votar o relatório do processo de impeachment contra Dilma Rousseff, o Planalto já aguarda a possibilidade de novas revelações da Lava Jato tumultuarem ainda mais o ambiente político. Entre os ocupantes do Palácio do Planalto há a certeza de que o juiz Sérgio Moro prepara uma ofensiva para atingir o governo.
Além de vazamentos relacionados a delações premiadas, há o temor de que Moro deflagre uma nova fase da operação e decrete a prisão de dois nomes que já tiveram bastante proximidade com a presidente: os ex-ministros da Casa Civil Antônio Palocci e Erenice Guerra. Segundo a delação premiada dos executivos da empreiteira Andrade Gutierrez que veio à tona esta semana, Palocci e de Erenice teriam ajudado a estruturar o esquema de propina na obra da usina hidrelétrica de Belo Monte, no Pará.
Os empresários apontaram uma pagamento de cerca de R$ 150 milhões em propina. O valor seria referente a um acerto de 1% sobre contratos. O dinheiro teria como destino o PT e o PMDB e agentes públicos ligados aos dois partidos. Palocci foi o coordenador da campanha de Dilma em 2010. Erenice, por sua vez, era braço direito da presidente e assumiu a Casa Civil quando Dilma deixou o ministério para se candidatar à Presidência pela primeira vez.
Os empresários da Andrade também afirmaram que o dinheiro doado legalmente às campanhas de Dilma em 2010 e 2014 teve origem em contratos superfaturados que foram fechados com empresas estatais, como a Petrobras.
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