Criticando a maneira como a Justiça tem conduzido a operação lava jato, o
petista citou que há algum tempo, a Justiça investigava e então
denunciava um crime. Em sua opinião, hoje os fatos se inverteram e a
“primeira coisa que fazem é determinar você é criminoso, colocando a
cara na imprensa”.
Ainda
sobre a condução coercitiva, Lula lembrou que já prestou outros
depoimentos sem que fosse necessário ser levado à força, inclusive
durante seu período de férias. O ex-presidente disse acreditar que o PT
“incomodou ajudando as pessoas a subirem um degrau” e dando
“oportunidade aos pobres”
—
Já prestei vários depoimentos. Dia 5 de janeiro eu estava de férias e eu
suspendi as férias para ir à Brasília prestar um depoimento para a
Polícia Federal — comentou.
O ex-presidente também saiu em defesa da presidente Dilma Rousseff.
— Estão cerceando a liberdade de Dilma a governar o país.
A respeito de suas palestras, Lula criticou quem o acusa de ter esse tipo de trabalho como fonte de renda.
— É curioso que estranham que eu cobro US$ 200 mil. O Bill Clinton vem aqui cobra US$ 1 milhão e os vira latas batem palmas.
O
ex-presidente, que batia a todo instante à mesa com o punho cerrado,
também atacou a denúncia de que o armazenamento em São Bernardo do Campo
de seu acervo na presidência tenha sido pago pela empreiteira OAS. Lula
afirmou que deixou o governo com 11 contêineres de presente.
—
Sabem o que é sair com 11 contêineres sem ter onde por? Com cadeira,
papel, tinha até trono da África. Se somarem todos, desde Floriano
Peixoto, fui o que mais ganhou presente — disse o petista, lembrando que
esses produtos são de domínio público e que ficou público com a
suspeição da Justiça a esse respeito.
PROMESSA DE PERCORRER O PAÍS
Ao lado de companheiros, Lula disse que estará aberto para convites em eventos país afora.
—
Me convidem que estou disposto a andar por esse país. Não é possível
ver um país vítima de um espetáculo midiático. Coloco em suspeição até
um barco de R$ 4 mil. Eu preferia dar um iate à dona Marisa, mas ela
comprou um barco e também pagou pedalinhos de R$ 2 mil para os nossos
netos — disse.
Sem responder a nenhuma pergunta, o petista também citou o sítio de Atibaia e o triplex do Guarujá.
—
Eu uso o sítio dos amigos porque os inimigos não me emprestam. Se me
emprestarem o triplex de Paraty, eu uso. O que acontece é que todo mundo
pode, menos essa merda desse metalúrgico.
Em
seguida, ele retomou o discurso de polarização entre pobres e ricos.
Lembrou de sua infância pobre e de trabalhou na Presidência para dar
oportunidades aos brasileiros mais humildes. Em tom de galhofa, brincou:
—
Partem do pressuposto que pobre nasceu para comer em concha. Ficam
preocupados com o vinho que eu nunca tomei. Se era o Miolo gaúcho ou
Romanée Conti (francês). Eu até ganhei um decantador de vinhos, mas um
dia cheguei a noite em casa e dona Marina tinha colocado flores.
Depois,
o petista volto a carga ao que ele chamou de “julgamento precipitado”
da imprensa em relação às pessoas supostamente envolvidas em esquema de
corrupção.
— Hoje quem condena são as manchetes.
Por
fim, o ex-presidente considerou que o episódio de hoje servirá para o
PT “levantar a cabeça”. Disse que há muito tempo o partido tem
“sangrado” mesmo sem provas. Dirigindo-se ao presidente nacional do
partido, Rui Falcão, Lula foi categórico:
—
Vamos começar de novo. Fazer as mesmas coisas. Embora tenha me
ofendido, estou disposto a fazer a mesma coisa. Se quiseram matar a
jararaca, não bateram na cabeça, bateram no rabo. E a jararaca continua
viva.
.
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