BRASÍLIA O presidente da
Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF)
que interfira no processo contra ele no Conselho de Ética retardando
ainda mais o andamento. Segundo a assessoria do advogado Marcelo Nobre,
que representa Cunha no Conselho, foi pedido que se tenha direito a
apresentar uma nova defesa prévia devido ao fato de ter ocorrido uma
troca de relator do processo. Solicitou ainda que seja rejeitado
aditamento feito pelo PSOL, mas que caso ele seja juntado ao processo a
ação retorne para fase inicial, inclusive com sorteio de novo relator. O
mandado de segurança foi distribuído ao ministro Luís Roberto Barroso.
O
recurso ao STF é mais uma tentativa do presidente da Câmara de atrasar o
processo, instaurado em 3 de novembro de 2015. Em 15 de dezembro foi
aprovado por 11 votos a 9 parecer de Marcos Rogério (PDT-RO) pela
admissibilidade da representação e continuidade do processo. O
vice-presidente da Casa, Valdir Maranhão (PP-MA), no entanto, anulou a
votação por entender que deveria ter sido reaberto prazo para vista e
discussão.
A defesa de Cunha,
porém, entende ter direito a um prazo para apresentação de defesa
prévia. Esse prazo não está previsto no regimento, mas antes de ser
destituído da relatoria o deputado Fausto Pinato (PRB-SP) permitiu que
ele apresentasse tal defesa. Como Pinato foi substituído por Rogério, a
defesa entende que todos os atos do deputado do PRB na relatoria são
nulos e, portanto, nova defesa deve ser apresentado.
O
questionamento ao STF ataca ainda aditamento feito pelo PSOL há duas
semanas. O partido, um dos autores da representação, protocolou
diretamente no Conselho informações adicionais. A defesa de Cunha
argumenta que o aditamento deve ser invalidado por não haver previsão
regimental, além de o protocolo ter sido realizado diretamente no
Conselho e não na Mesa Diretora. Ressalta ainda que caso o aditamento
seja aceito o processo deve ser reiniciado, inclusive com novo sorteio
de relator.
Cunha responde no
Conselho de Ética pela acusação de ter mentido à CPI da Petrobras ao
negar ter contas no exterior. O deputado alega que é apenas beneficiário
das contas, que seriam de empresas. O presidente da Câmara já foi
denunciado no STF pela acusação de receber propina da Petrobras. A
Procuradoria-Geral da República já pediu também seu afastamento do
cargo, inclusive argumentando a prática de manobras protelatórias na
tramitação do processo no Conselho.
O
Conselho de Ética está reunido para debater a ação contra Cunha, mas o
presidente do colegiado, José Carlos Araújo (PSD-BA), já decidiu que
somente na quarta-feira haverá a leitura de complementação de voto de
Marcos Rogério. Esse novo texto abrangerá o aditamento feito pelo PSOL.
Os deputados debatem sobre o tema e a possibilidade de que o colegiado
recorra ao STF contra a decisão de Maranhão que derrubou a votação de
dezembro.
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