O banqueiro André Esteves, do BTG Pactual, preso na manhã desta quarta-feira, em mais uma fase da Operação Lava Jato,
é considerado uma das personalidades mais influentes do mercado
financeiro. Por isso a sua prisão surpreendeu o Brasil, que não tem
costume de ver pessoas nessa posição envolvidos em operações policiais
com tamanha publicidade como a investigação comandada pelo juiz Sérgio
Moro. Segundo a PF, Esteves estava destruindo provas das investigações
em curso, assim como o senador petista Delcídio do Amaral (PT-MS) que também foi detido na operação nesta manhã.
A relação do banco BTG Pactual
com o escândalo da Petrobras veio à tona com a delação premiada do
doleiro Alberto Youssef no início do ano. O doleiro disse em depoimento
ao Ministério Público Federal que recebeu a informação de que empresa
ligada ao BTG Pactual participou de negócio da BR Distribuidora,
subsidiária da Petrobras, que envolveu pagamento de suborno de 6 milhões
de reais. Nesta terça, quando a PF prendeu o pecuarista José Carlos Bumlai por operações financeiras suspeitas,
tornou-se público um empréstimo de 104 milhões de reais a empresa São
Fernando Energia, de Bumlai, feito pelo BTG e o Banco do Brasil. Na
época, contava com sete funcionários, como informa o jornal O Globo.
Esteves
também foi citado, em junho, em um bilhete apreendido pela PF, escrito
na prisão pelo presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht. No
manuscrito, o presidente da empreiteira também sugeria aos advogados que
recuperassem a "história de iniciativa André Esteves".
Em
seguida, Marcelo Odebrecht cita a "Sete", referindo-se à empresa de
sondas Sete Brasil, fornecedora da Petrobras que enfrenta grave crise
financeira e que tem a unidade de participações do BTG Pactual e
clientes da gestora de recursos do banco como sócias.
Em nota, o
banco afirmou que está à disposição das autoridades para prestar todos
os esclarecimentos necessários e que vai colaborar com as investigações.
Hoje
com 46 anos, Esteves começou a fazer sucesso cedo. Começou a carreira
no Banco Pactual, em 1989, quando tinha 21 anos. Quatro anos depois,
tornou-se sócio da instituição. No fim de 2008, deixou o banco para
fundar outra instituição, o BTG que, logo depois, comprou o Pactual. Foi
assim que Esteves fundou o BTG Pactual, que se tornou hoje um dos
maiores bancos de investimentos do Brasil e da América Latina. A
entidade financeira gerencia hoje 302 bilhões de reais e, neste ano, o
banco faturou 6,5 bilhões de reais até o mês de setembro. O grupo tem
participação em mais de 20 empresas em setores diferentes.
Com
graduação em Ciências da Computação pela Universidade Federal do Rio de
Janeiro, Esteves é membro do Conselho da BM&FBovespa e da Federação
Brasileira de Bancos. Em 2012, foi considerado o 13º brasileiro mais
rico, segundo levantamento da Forbes. A fortuna do bilionário estava
avaliada em 3 bilhões de dólares. O valor de suas empresas, no entanto,
caiu diante do escândalo da Petrobras.
O banqueiro era habitué de
capas de revistas de negócio como empreendedor bem-sucedido que se
destacou pela ousadia em investir em setores que vão de petróleo a área
farmacêutica. Em sua equipe do banco está o prestigiado economista
Pérsio Arida, que já ocupou vários cargos públicos e privados e foi um
dos pais do Plano Real. Arida que é Partner do BTG Pactual foi
presidente do Banco Central em 1995 e do BNDES em 1993 e 1994. Com a
prisão de Esteves, a grande dúvida é o quanto a confiança do banco vai
ser afetada e como a notícia vai balançar todo o mercado financeiro.
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