Dólar despenca quase 2% e vai abaixo de R$3,50 com BC, mas cena política continua no foco
O dólar despencou quase 2 por cento nesta segunda-feira, a maior
queda em um mês e que o levou abaixo de 3,50 reais novamente, após a
maior intervenção do Banco Central no mercado de câmbio e em um dia sem
grandes notícias, mas os investidores ainda continuaram bastante
temerosos em meio à grave crise política no país.
A divisa
norte-americana caiu 1,86 por cento, a 3,4429 reais na venda, maior
queda desde o dia 10 de julho (-2,30 por cento). Na última sessão, o
dólar já havia recuado 0,83 por cento, mas acumulou valorização de 2,44
por cento na semana passada. "Está havendo uma acomodação (da moeda),
diante da falta de notícias", afirmou o gerente de câmbio da corretora
Treviso, Reginaldo Galhardo, lembrando das fortes altas do dólar nas
últimas semanas.
Só em julho, a moeda norte-americana avançou 10
por cento. Investidores continuaram focando suas atenções no noticiário
político local, que tem impulsionado a moeda norte-americana nas
últimas semanas.
O medo é que golpes à credibilidade do país
afastem investimentos do mercado local, além de entraves ao reequilíbrio
da economia brasileira.
"Os mercados brasileiros continuam
focados mais em eventos políticos domésticos do que em indicadores
econômicos", escreveram analistas do JPMorgan em nota a clientes,
salientando a incerteza sobre a aprovação de medidas do ajuste fiscal
pelo Congresso Nacional e o noticiário sobre a possibilidade de a
presidente Dilma Rousseff não concluir seu mandato.
Operadores
ressaltaram também que o aumento da intervenção do BC no câmbio
corroborou o alívio no mercado local. Após as fortes altas recentes da
moeda dos EUA, a autoridade monetária sinalizou que rolará integralmente
os swaps cambiais --equivalentes à venda futura de dólares-- que vencem
em setembro, após três meses de rolagens parciais.
"Com o
aumento da rolagem, o mercado entendeu que o dólar acima de 3,50 reais
incomoda", disse o diretor de câmbio do Banco Paulista, Tarcísio
Rodrigues.
Pela manhã, o BC deu continuidade à rolagem, vendendo
a oferta total de até 11 mil contratos, correspondentes a 535,7 milhões
de dólares. Ao todo, já rolou 2,232 bilhões de dólares, ou cerca de 22
por cento do total que vence no mês que vem.
Nos mercados
externos, a perspectiva de que o Federal Reserve, banco central
norte-americano, pode elevar os juros no mês que vem também continuou no
radar. Juros mais altos podem atrair para a maior economia do mundo
recursos aplicados em países como o Brasil.
Nesta quarta-feira,
dois membros do Fed comentaram sobre a economia dos Estados Unidos. O
presidente o Fed de Atlanta, Dennis Lockhart, disse que estava
"disposto" a começar a elevar os juros em setembro, mas espera que haja
um hiato de pelo menos uma reunião antes de novos aumentos.
Mais
cedo, o vice-presidente do Fed, Stanley Fischer, disse que a inflação
está muito baixa, mas apenas temporariamente, e a economia já quase
atingiu o pleno emprego. No exterior, o dólar também perdia força e
caía cerca de 0,4 por cento em relação a uma cesta de moedas.
(Por Bruno Federowski; Reportagem adicional de Flavia Bohone)
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