A Polícia Federal concluiu a perícia financeira e patrimonial
de Luís Cláudio Lula da Silva e Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha,
ambos filhos do ex-presidente Lula. O departamento técnico da PF
analisou a compatibilidade entre as movimentações financeiras e os
rendimentos de Fábio Luís e Luís Cláudio entre os anos de 2011 e 2014 e
produziu um relatório, destinado ao delegado Márcio Anselmo, da
força-tarefa da Operação Lava Jato, que em agosto havia solicitado a
perícia. O resultado aponta que Luís Cláudio Lula da Silva teve variação
patrimonial a descoberto, ou seja, seu patrimônio superou os recursos
declarados à Receita Federal, entre os anos de 2011 e 2013 e no
acumulado dos quatro anos analisados. Quanto a Fábio Luís, não se
detectou o mesmo problema.
A perícia destaca que, no ano de 2013,
gastos de 300.000 reais em cartões de crédito foram superiores às fontes
de receitas declaradas por Luís Cláudio à Receita. “A evolução
patrimonial a descoberto (falta de recursos) atinge valores superiores a
R$ 200 mil, quantia essa significativa frente à posição patrimonial do
investigado”. Em 2014 os gastos a crédito também foram maiores que seus
recursos.
“Observe-se que dos cerca de R$ 1,43 milhão de
rendimentos brutos do investigado no período de 2011 a 2014,
aproximadamente R$ 246 mil foram oriundos da empresa LILS Palestras, R$
780 mil da LFT Marketing, R$ 100 mil de pessoas físicas R$ 200 mil da
Sra. Marisa Leticia”, enumera o relatório da Polícia Federal.
Luís
Cláudio Lula da Silva é investigado na Operação Zelotes por sua
empresa, a LFT Marketing Esportivo, ter recebido 2,4 milhões de reais do
escritório de lobby Marcondes Mautoni por uma consultoria que,
descobriu-se depois, não passou de material copiado da internetA
contratante do filho do petista é suspeita de atuar pela aprovação da
Medida Provisória 471, que em 2009, durante o governo Lula, prorrogou
benefícios fiscais de montadoras de veículos.
Fábio
Luís, filho primogênito de Lula, a quem o ex-presidente já se referiu
como “Ronaldinho dos negócios”, não mostrou discrepâncias entre gastos e
fontes de recurso. “Frente às informações prestadas ao fisco federal,
demais dados apresentados para exame, foi constatado que evolução
patrimonial do Sr° Fábio Luis Lula da Silva formalmente compatível com
as sobras financeiras correspondentes, no período compreendido entre os
anos de 2004 2014”, escreveu o perito da PF.
Ele
pontuou, no entanto, que a distribuição de lucros da G4 Entretenimento e
Tecnologia entre 2004 e 2014, que renderam 3,8 milhões de reais a
Lulinha, não respeitaram, em diversos anos, a composição societária da
empresa. “Não obstante possuísse 50% das quotas da G4, no ano de 2012,
Fábio recebeu 100% da distribuição de lucros, no valor de R$ 750.000,00.
No ano de 2013, recebeu aproximadamente 96%, no valor de R$
1.120.000,00. No ano de 2014, distribuição favor do investigado foi no
percentual aproximado de 62%, perfazendo valor de R$ 1.041.655”.
A
PF também ressalta que não detectou pagamentos de aluguel de Lulinha a
Jonas Suassuna, dono do apartamento onde o filho de Lula mora em Moema,
região nobre de São Paulo. Treze pagamentos de 15.000 reais de Fábio
Luís a Suassuna, seu sócio na Gamecorp, não seriam suficientes, segundo a
PF, para bancar o aluguel do imóvel. “Pesquisa na internet apontou que
um aluguel no edifício localizado neste endereço teria um elevado valor.
A pesquisa retornou em um imóvel totalmente mobiliado com aluguel
mensal de R$ 40.000,00. Nas declarações Sr. Fábio Luís Lula da Silva não
há registro de pagamento de aluguel ao Sr. Jonas Leite Suassuna Filho,
também não consta imóvel como sendo pertencente Fábio Luis Lula da
Silva”.
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