Em coletiva, PF afirmou que Antonio Palocci, preso nesta segunda na 35ª fase da Lava Jato, atuou para beneficiar a empreiteira no governo federal
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26 set 2016, 11h49 - Atualizado em 26 set 2016,
O Partido dos Trabalhadores mantinha uma “verdadeira
conta-corrente” com a Odebrecht, por meio da qual eram pagas propinas a
integrantes da legenda, informou nesta segunda-feira a Polícia Federal
durante coletiva de imprensa concedida após a prisão do ex-ministro da Fazenda de Lula e da Casa Civil de Dilma Antônio Palocci. Segundo
a PF, Palocci – identificado como “Italiano” nas planilhas da
empreiteira – recebeu um total de 128 milhões de reais em propinas.
Parte do dinheiro ficou com o partido.
As investigações mostram a atuação intensa e reiterada de Palocci com
a Odebrecht, envolvendo contratos e medidas legislativas tomadas para
privilegiar a empreiteira em obras públicas. Segundo os procuradores,
essa atuação se firmava com pagamentos de propinas que eram destinadas
aos PT. O ex-ministro Palocci recebeu os valores através dessa conta
desde 2006 até novembro de 2013.
A
ex-funcionária Maria Lucia Tavares, segundo os investigadores, foi a
“única a quebrar o silêncio que impera dentro da empresa” e revelou
documentos que elucidaram fases passadas da investigação. O delegado da
Polícia Federal, Filipe Hille Pace, afirmou que Marcelo Odebrecht e
Antonio Palocci tiveram mais de 30 encontros no período em que ele era
ministro e até mesmo depois de deixar o cargo. Os encontros se davam na
casa de Palocci ou no escritório do ex-ministro. Segundo a PF, Palocci
desempenhava um papel mais importante que o ex-ministro José Dirceu.
No despacho em que decretou a prisão temporária de Palocci, datado de
12 de setembro, Sergio Moro relata em detalhes o propinoduto envolvendo
a Odebrecht e o petista e diz ser “possível” que parte da propina
destinada pelo grupo de Marcelo Odebrecht ao PT tenha sido paga em
contas secretas no exterior. O risco de os recursos produtos do crime
não poderem ser mais recuperados e a possibilidade de fuga dos
investigados foi levado em conta pelo magistrado ao decretar a detenção
de Palocci e dos dois assessores.
Na 35ª fase da Operação Lava Jato, foram alvo de condução coercitiva
Rita de Cássia dos Santos, secretária de Palocci, e Demerval de Souza
Gusmão Filho, proprietário da construtora que figurou como compradora do
imóvel destinado ao Instituto Lula. Houve ordem de busca e apreensão de
documentos nos endereços de Palocci, da Projeto Consultoria Empresarial
e Financeira Ltda., empresa de consultoria do petista; de Branislav
Kontic; de Juscelino Dourado; da J & F Assessoria Ltda.; de Rita de
Cássia dos Santos; de Demerval de Souza Gusmão Filho; e da DAG.
Construtora Ltda.
Braço direito
Segundo a PF, Branislav Kontic, que foi assessor especial de Antonio
Palocci na Casa Civil, intermediou o esquema de recebimento de valores
entre a Odebrecht e o PT. Kontic foi alvo mandado de prisão temporária, o
mesmo determinado para Palocci.
Os investigadores ressaltaram que o ex-assessor era o “braço direito”
de Palocci e “marcava reuniões e encontros” entre Marcelo Odebrecht e o
ex-ministro, além de repassar informações e mensagens. A PF também
destacou a participação de Juscelino Antonio Dourado, que foi chefe de
gabinete de Palocci no Ministério da Fazenda na gestão Lula, também
recebeu valores de propina e intermediava débitos da conta da Odebrecht
para Antonio Palocci e PT. Dourado também foi preso na manhã desta
segunda.
Instituto Lula
As investigações também apontaram para o participação de Palocci na
compra de um terreno onde seria construída a nova sede do Instituto
Lula, que seria um prédio de três andares. As tratativas da compra
teriam sido feitas entre a Odebrecht e Kontic para que fossem repassadas
a Palocci.
Uma minuta de contrato juntamente com um projeto arquitetônico foram
encontrados no sítio Atibaia, que é atribuído ao ex-presidente Lula.
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