Chefe da Fazenda no governo Lula e da Casa Civil no 1º mandato de Dilma, Palocci é suspeito de atuar como intermediário dos interesses da Odebrecht
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26 set 2016, 07h05 - Atualizado em 26 set 2016, 12h05
A Polícia Federal prendeu na manhã desta segunda-feira, na 35ª fase da Operação Lava Jato, o ex-ministro Antonio Palocci, em
São Paulo. Chefe da Fazenda no governo Lula e da Casa Civil no primeiro
mandato de Dilma, Palocci é suspeito de atuar diretamente como
intermediário dos interesses da Odebrecht, a maior empreiteira do país e
cujo diretor-presidente, Marcelo Odebrecht, está atrás das grades desde
junho do ano passado. Também foram presos o ex-chefe de gabinete de
Palocci Juscelino Dourado e o ex-assessor Branislav Kontic.
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Considerada uma das fases mais importantes
da Lava Jato, a nova etapa das investigações sobre o petrolão apura
também supostos favorecimentos ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva, ele próprio já réu em dois processos relacionados ao escândalo de corrupção na Petrobras,
por meio do Setor de Operações Estruturadas, considerado um
departamento da propina da Odebrecht. As suspeitas de novas benesses em
favor de Lula teriam intermediação do pecuarista José Carlos Bumlai, já
preso na Lava Jato. Investigadores que atuam no caso estimam que este
flanco da apuração superaria o que foi descoberto de Lula sobre o
tríplex no Guarujá e sobre o sítio de Atibaia. Os novos indicativos
envolvem um prédio que seria destinado ao ex-presidente. A Odebrecht
chegou até a comprar o terreno em benefício do petista.
Batizada de Operação Omertà, em referência
ao pacto de silêncio dos mafiosos, a 35ª fase da Lava Jato nesta
segunda-feira recolheu evidências de que Palocci atuou deliberadamente
para garantir que o Grupo Odebrecht conseguisse contratos com o poder
público. Em troca, dizem os investigadores, o ex-ministro e seu grupo
eram agraciados com propina. A atuação de Palocci foi monitorada, por
exemplo, na negociação de uma medida provisória que proporcionaria
benefícios fiscais, no aumento da linha de crédito junto ao BNDES para a
Odebrecht fechar negócios na África e em uma interferência na licitação
para a compra de 21 navios sonda para exploração da camada pré-sal.
Em agosto, VEJA revelou que, em suas negociações para a colaboração premiada, o ex-marqueteiro petista João Santana se dispôs a dizer aos investigadores do petrolão como os ex-ministros Antonio Palocci e Guido Mantega – Mantega foi alvo da 34ª fase da Lava Jato
na última semana – haviam se encarregado de negociar o caixa paralelo
na campanha de Dilma em 2014. Palocci é o personagem principal de um dos
capítulos da delação de João Santana. Nele, além da “conta” que o
ex-ministro detinha com empresas investigadas no petrolão, Palocci seria
delatado ao lado do braço-direito Juscelino Dourado, que distribuía
parte do dinheiro do caixa dois.
Estão sendo cumpridas ordens judiciais nos
estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia, Mato
Grosso, Mato Grosso do Sul e no Distrito Federal.
No ano passado, a Polícia Federal havia
aberto inquérito para apurar a participação de Antonio Palocci no
escândalo do petrolão. Em acordo de delação premiada, o ex-diretor de
Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa afirmou que, em 2010, o
doleiro Alberto Youssef intermediou, em nome de Palocci, propina de 2 milhões de reais para a campanha de Dilma.
Os valores deveriam ser retirados da propina de 2% cobrada pelo Partido
Progressista (PP) em contratos com a Petrobras. “No ano de 2010, [Paulo
Roberto] acredita que quando Antonio Palocci já não ocupava nenhum
cargo no governo federal, recebeu uma solicitação, por meio de Alberto
Youssef, para que fossem liberados 2 milhões de reais do caixa do PP,
para a campanha presidencial de Dilma Rousseff”, diz trecho da delação
do ex-diretor da petroleira.
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