BRASÍLIA - O Supremo Tribunal Federal (STF) enviou um pedido de abertura de inquérito contra o ex-ministro Jaques Wagner para o juiz Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava Jato em Curitiba. Em seu despacho, o ministro Celso de Mello, que era relator do caso, disse que atendeu a um pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Com base na delação do senador cassado Delcídio Amaral (sem partido-MS), Janot pediu para incluir Wagner no inquérito-mãe da Lava Jato que tramita no Supremo, o "quadrilhão".
Jaques Wagner, ex-ministro-chefe da Casa Civil © Fornecido por Estadão Jaques Wagner, ex-ministro-chefe da Casa Civil 
 

Não há detalhes sobre qual o teor da investigação contra Wagner, que foi ministro-chefe da Casa Civil da presidente afastada Dilma Rousseff. No pedido, porém, Janot afirma que o caso deve ser submetido a Moro "para verificar a conexão entre os fatos aqui narrados e aqueles imbricados no complexo investigativo denominado Operação Lava Jato e para adotar as providências que entender cabíveis sobre os fatos aqui expostos".

O envio da solicitação de abertura de inquérito para a primeira instância foi justificado pelo ministro do STF pelo fato de que o petista não tem mais direito ao chamado foro privilegiado depois de ter deixado o ministério de Dilma. "Tendo em vista que cessou a investidura funcional do ora investigado em cargo que lhe assegurava prerrogativa de foro perante esta Corte, reconheço não mais subsistir, no caso, a competência originária do Supremo Tribunal Federal para prosseguir na apreciação deste procedimento de natureza penal", disse.

Wagner também já foi citado por outros delatores da Lava Jato. Em janeiro, o Estado mostrou que o petista trocava mensagens de texto com o ex-presidente da OAS Leo Pinheiro. Ele também foi mencionado em depoimentos do ex-diretor da Petrobrás Nestor Cerveró. O ex-ministro nega que tenha cometido irregularidades.